O agronegócio é a bola da vez, afirma Pratini de Moraes
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“O Brasil é a última fronteira agrícola do mundo. Temos terra, água e tecnologia". A afirmação foi feita nesta segunda-feira (29) pelo presidente do Conselho da Associação das Indústrias Exportadoras de Carne (Abiec), Marcus Vinicius Pratini de Moraes, durante participação no painel “Agronegócio: Vetor de Crescimento Brasileiro”. A apresentação fez parte da conferência “Agro Brasil 2005: Desafios e Oportunidades do Agronegócio”, realizada em São Paulo. Otimista com a atual posição brasileira de maior exportador mundial de carne bovina, Pratini acredita que agora é a vez do Brasil. “Estamos conquistando novos mercados a cada dia. A bola da vez é o agronegócio brasileiro” destacou.
Gargalos - Porém, tanto otimismo tem como contra ponto gargalos que precisam ser vencidos como infra-estrutura logística (transporte, armazenagem e escoamento), altas cargas tributárias e sanidade animal e vegetal. “A logística em alguns setores é um gargalo muito sério. No setor de grãos, no centro-oeste, por exemplo, está numa situação horrorosa. Temos a Caramuru investindo em ferrovia porque infelizmente o governo não está fazendo isso”, destacou João de Almeida Sampaio Filho, presidente da Sociedade Rural Brasileira (SRB). Segundo ele, a carga tributária também é hoje um dos grandes gargalos. “Um trator produzido em Horizontina, no Rio Grande do Sul, se for comprado no Uruguai custa de 15 a 20% menos do que se for adquirido em Porto Alegre (capital gaúcha)”, exemplificou o presidente da SRB. “Nós temos que rever e trabalhar muito firme esta questão da carga tributária”, advertiu.
Crédito - João Sampaio lembrou que as novas modalidades de crédito criadas pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) ainda estão muito mais lentas do que a velocidade que o setor demanda e esse é outro gargalo que precisa ser vencido. O secretário executivo do Ministério da Agricultura, Luis Carlos Guedes Pinto, lamentou o fato de que o montante dos recursos para financiamento da agricultura hoje está na ordem de 30% da produção quando já foi de 80 a 90%, e reconheceu que é preciso criar novas fontes de financiamento. “As atuais fontes têm se mostrado insuficientes. Precisamos criar novos papéis de administração em bolsa, novos certificados de depósitos agropecuários”, afirmou o secretário, que esteve no evento como ministro interino, já que o ministro Roberto Rodrigues está fora do País nessa semana.
Prioridade - O secretário garantiu que o seguro rural é prioridade do Ministério da Agricultura. “Eu diria que entre as dez prioridades do ministério, onde se encontram a defesa sanitária, pesquisa agropecuária e negociações internacionais, uma delas é o seguro. Lamentavelmente estamos sujeitos a liberação de recursos para esse fim, porque o seguro será coordenado pelo Ministério da Agricultura e parte do custo do prêmio será bancado pelo próprio ministério”, explicou. Além disso, disse o secretário, o Mapa está aguardando a tomada de decisão do Congresso Nacional em relação ao Instituto de Reseguros do Brasil (IRB). “Hoje todo seguro no Brasil é estatal e o que nossa experiência demonstra é que nos países do mundo em que o seguro agrícola avançou, é bancado pro operadoras privadas. Nossa esperança é que na reforma do IRB, nós também possamos encontrar a possibilidade da participação da iniciativa privada no seguro rural”, completou.
Defesa sanitária - Sobre a questão da sanidade, o secretário contou que o Ministério da Agricultura está providenciando a regulamentação da Lei nº 1912, de 1998, que cria um sistema unificado de defesa sanitária onde a base é o produtor. “Se eu compro um produto deteriorado costuma-se dizer que a culpa é do Ministério da Agricultura que não fiscalizou. Como o produtor é o ponto de partida ele será responsável pela qualidade dos produtos”, explicou. “Nós criamos um grupo de trabalho há aproximadamente 70 dias. Esse grupo elaborou uma versão preliminar. Agora estamos na fase de redação final e até o dia 17 de setembro esperamos ter a redação concluída no Ministério da Agricultura para encaminhar ao presidente da República para aprovar o decreto que irá regulamentar essa lei”, contou Luis Carlos.
Pesquisas - Um dos caminhos apontados pelos palestrantes para garantir o sucesso do agronegócio brasileiro é o investimento em pesquisas agrícolas. “É preciso investir em pesquisas que são o fundamento de tudo”, disse o secretário do Mapa. “No Brasil, de um modo geral, são financiadas pelo poder público e estão cada vez mais caras. Daqui para frente é preciso avançar nas parcerias entre os institutos, universidades e iniciativa privada”, concluiu Guedes. (Agência Meios/SRB)