Eleições de 2026 serão apertadas, aponta especialista da Eurasia

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O cenário para as eleições de 2026 aponta para uma disputa presidencial acirrada, com ligeiro favoritismo para o presidente Lula, e um Congresso Nacional marcado pela consolidação partidária e fortalecimento da direita no Senado. A análise foi apresentada por Silvio Cascione, especialista do Eurasia Group, durante o encerramento do Fórum de Educação Política da Ocepar, realizado nessa quinta-feira (30/10), na sede da Central Sicredi PR/SP/RJ, em Curitiba, com a presença de 60 coordenadores do Programa de Educação Política nas cooperativas paranaenses.

Sob a ótica da inteligência política, Cascione detalhou os fatores que devem moldar a próxima grande eleição brasileira, utilizando como base os diversos cenários apresentados por institutos de pesquisas eleitorais. Segundo o especialista, embora a eleição se desenhe "apertada", o presidente Lula (PT) é hoje o "ligeiro favorito". Um dos principais fatores para isso é a recente alta em sua aprovação, impulsionada pela deflação nos preços dos alimentos. "Pela média das pesquisas, a aprovação do presidente tem crescido. Com 49% de aprovação, a chance de reeleição supera os 80%", avaliou Cascione.

No entanto, as projeções atuais mostram uma disputa acirrada contra qualquer candidato apoiado por Jair Bolsonaro (PL). A vantagem de Lula sobre nomes como do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), a ex-primeira-dama, Michele Bolsonaro (PL) ou o senador Flávio Bolsonaro (PL) varia entre 6,1% e 6,5%.

Do lado da direita, Tarcísio de Freitas, governador de São Paulo, leva vantagem na disputa interna, beneficiado por um alinhamento recente à retórica bolsonarista. Embora seja "praticamente certo" que Bolsonaro estará inelegível em 2026, seu apoio será crucial. "Hoje, Bolsonaro tende a apoiar Tarcísio, mas o ex-presidente ainda não está decidido; ele está em dúvida em apoiar alguém da família. Bolsonaro quer indicar, além do candidato á presidência como também os senadores do partido em cada estado", ponderou o analista. Outros nomes, como Ronaldo Caiado (União Brasil) e Ratinho Júnior (PSD), também devem se movimentar rumo a uma candidatura ao Palácio do Planalto.

Congresso

Silvio Cascione destacou uma tendência de consolidação no sistema político brasileiro. Mudanças na legislação eleitoral, como regras mais rígidas de acesso aos fundos partidários, estão reduzindo a fragmentação e levando à "concentração de capital político em menos e maiores partidos", especialmente nas federações. Essa consolidação, segundo ele, deve resultar em menos espaço para "intrusos" (outsiders) na política.

Para a Câmara dos Deputados, a projeção é de um alto índice de reeleição dos atuais parlamentares. O fator decisivo é o valor recorde de emendas parlamentares. "O nível recorde de emendas sustentará alto nível de reeleição na Câmara. O sistema eleitoral proporcional realça o uso clientelista dos recursos das emendas", explicou.

Já no Senado, a expectativa é de avanço da direita. Impulsionados por Bolsonaro, pautas conservadoras e forte presença nas redes sociais, os candidatos desse espectro devem ter boa performance. A projeção de Cascione para a composição de 2027 indica um crescimento da direita de 33 para 39 senadores. A bancada de centro deve encolher (de 32 para 26 ou 21), enquanto a esquerda deve manter seus atuais 16 parlamentares, num total de 81 cadeiras.

Riscos no cenário

Apesar do ligeiro favoritismo de Lula, o especialista alertou que o cenário pode mudar. "Tem uma agenda que o governo não entrega e que são preocupações constantes dos eleitores, como violência, questões sociais, economia, corrupção, saúde e educação", listou Cascione. Para o analista, o início do próximo ano será crítico para a definição final dos candidatos da direita, mas o prognóstico é claro: "Será emoção até o final com toda certeza".

Fotos

Acesse o Flickr do Sistema Ocepar para conferir todas as fotos do evento: https://flic.kr/s/aHBqjCzdZB

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FOTOS: Samuel Milléo Filho / Assessoria de Comunicação Sistema Ocepar

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