Cotonicultura retoma rota de crescimento
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Após longo período de crise, a cultura recupera a competitividade e volta a se expandir no interior do País. Superada a crise deflagrada na década de 90, decorrente da incidência da praga do bicudo nas plantações e da avalanche de importação de produtos têxteis originada dos países asiáticos, a indústria brasileira do algodão retomou o rumo de crescimento nos últimos anos e vem conquistando novo espaço no mercado internacional. Do patamar mais baixo registrado na safra 1996/97, de 568,2 mil toneladas, a previsão é de a produção de algodão em caroço chegar a 2,14 milhões de toneladas na safra 2004/05. Em igual período, o volume de algodão em pluma teve um aumento de 305,8 mil toneladas para 1,33 milhão de toneladas, de acordo com o segundo levantamento da intenção de plantio da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab).
Expectativa - O emprego de novas técnicas de plantio, o desenvolvimento de diferentes cultivares e a profissionalização dos agentes rurais são alguns dos fatores responsáveis pelo registro da curva ascendente do cultivo da commodity. A expectativa é de a cotonicultura se colocar entre as mais destacadas atividades do agronegócio. "O algodão brasileiro tem qualidade, variedade de sementes, boa coloração e fibra", afirma o técnico da Conab, Djalma Fernandes Aquino. Apesar da queda da cotação da fibra no mercado internacional e dos elevados custos de produção no período, os indicadores da cultura do algodão mostram uma evolução crescente e sustentável. "Os produtores estão mais profissionalizados e acabam superando as dificuldades que surgem", avalia Aquino.
Histórico - A retomada do setor ocorreu a partir da segunda metade da década de 90, quando os agricultores começaram a plantar algodão nas regiões do cerrado brasileiro. Estados como Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Bahia e Goiás registraram um avanço na lavoura da commodity, em detrimento das plantações do Paraná, de São Paulo e do Ceará. O cultivo realizado em áreas mais distantes dos tradicionais campos de lavoura foi viabilizado pelo desenvolvimento de sementes mais resistentes a pragas e pelo uso intensivo de tecnologia. O algodão, plantado como rotação de cultura, seguiu o caminho desbravado pela soja em direção ao Brasil central. Também, naquele período, foram criadas cooperativas e fundações de pesquisas, além de incentivos fiscais concedidos por alguns governos estaduais.
Previsão - Em anos recentes, a lavoura de algodão registrou redução na área plantada, mas manteve a produção em crescimento, alavancada pela elevada produtividade. O vigor da cotonicultura nacional é confirmado pelos principais players do mercado internacional. Em meados de 2004, em uma conferência sobre o setor na Austrália, Bill Dunavant, presidente de uma das maiores companhias tradings mundiais, disse que o Brasil deverá se tornar, em poucos anos, o terceiro maior produtor de algodão. De acordo com o relatório de janeiro de 2005, do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), a produção brasileira de algodão é a quinta maior do mundo. Com previsão de 5,850 milhões de fardos para a safra 2004/2005, o Brasil está atrás da China, com 29,5 milhões; dos Estados Unidos, com 22,545 milhões; da Índia, com 14,2 milhões; e do Paquistão, com 9,25 milhões. (Gazeta Mercantil)