ZARC: Prorrogação do plantio do milho 2ª safra foi tema de reunião com a ministra Tereza Cristina
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A preocupação em assegurar o abastecimento do milho em condições adequadas e a proteção dos agricultores por meio do seguro rural levou a Secretaria de Estado da Agricultura e Abastecimento do Estado do Paraná (Seab), o Sindicato e Organização das Cooperativas do Estado do Paraná (Ocepar) e a Federação da Agricultura do Estado do Paraná (Faep) a solicitar ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), em caráter excepcional, a prorrogação de 10 dias nos períodos de semeadura do milho 2ª safra estabelecidos no Zoneamento de Risco Climático (Zarc) para o Paraná. O assunto foi debatido com a ministra da Agricultura, Tereza Cristina, nesta quarta-feira (03/03), por meio de videoconferência. “A ministra demostrou estar sensível ao tema e deve dar uma resposta ao nosso pleito nesta sexta-feira (05/03)”, informou o superintendente da Ocepar, Robson Mafioletti.
Presenças - A reunião com a ministra contou com a presença do presidente do Sistema Ocepar, José Roberto Ricken, do secretário estadual da Agricultura, Norberto Ortigara, do assessor especial da Federação da Agricultura do Estado do Paraná (Faep), Carlos Augusto Albuquerque, e do presidente do Sindicato das Indústrias de Produtos Avícolas do Estado do Paraná (Sindiavipar), Irineo da Costa Rodrigues. O encontro teve ainda a participação de lideranças de entidades que atuam em âmbito nacional, como o presidente do Sistema OCB, Márcio Lopes de Freitas, e de representantes da Confederação Nacional da Agricultura (CNA), Associação Brasileira dos Produtores de Soja (Aprosoja) e da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa). A ministra estava acompanhada da equipe que atua no Mapa nas áreas de Política Agrícola, Crédito Rural e Gestão de Riscos.
Prazo - Segundo Mafioletti, em vários municípios paranaenses, o prazo de cultivo do milho safrinha já venceu em 28 de fevereiro pelo calendário estabelecido no Zarc. Em regiões com produção expressiva do cereal, como Oeste e Noroeste, as lavouras devem ser implantadas ainda neste mês. Ocorre que os agricultores estão com dificuldade de realizar a semeadura devido às condições climáticas desfavoráveis, que estão impedindo o plantio do milho 2ª safra na época prevista no Zarc. Essa situação pode resultar na diminuição da produção e trazer, inclusive, sérios impactos a todo o agronegócio, podendo desabastecer o mercado de frangos, peixes, leite e suínos.
Impactos - “Esses dez dias adicionais que estamos solicitando excepcionalmente vão permitir que os produtores possam cultivar o milho safrinha dentro do prazo do Zoneamento e ter a cobertura do seguro agrícola e do Proagro. Essa prorrogação é necessária pois houve um atraso no início do plantio da soja por causa da estiagem, em setembro e outubro, e agora estão ocorrendo problemas na colheita pelo excesso de chuvas em algumas regiões. Isso acaba interferindo no cultivo do milho 2ª safra, que vem na sequência. Normalmente, nesta época do ano, é comum o registro de cerca de 70% das lavouras plantadas até o início de março, e, neste momento, apenas 28% da área de milho segunda safra está semeada no Estado, de acordo com a Seab/Deral. O milho é fundamental para abastecer outras cadeias, como de proteína animal e etanol, e também para o consumo humano. E, se não houver essa dilatação do prazo, vamos ter muitos problemas a partir do segundo semestre, inclusive com impacto na inflação dos alimentos”, destaca Ricken.
Seab - Na noite desta quarta-feira (03/03) ao participar de uma live do Portal Sou Agro, o secretário da Agricultura do Paraná, Norberto Ortigara, falou com a jornalista Sirlei Benetti sobre a conversa que as lideranças do setor produtivo do Estado tiveram com a ministra Tereza Cristina. De acordo com Ortigara, o Brasil e o Paraná “são muito dependentes da segunda safra”. O consumo é crescente e as cadeias produtivas precisam muito desse insumo (milho), para atender a produção de suínos, frango, peixe e o rebanho leiteiro. “O mercado internacional quer o nosso milho e a estimativa é a de exportar acima de 35 milhões de toneladas de grão de milho. A cadeia alimentar da pecuária está prestes a sofrer um baque grande. Em virtude do atraso no plantio da soja, ocorreu atraso na colheita, empurrando a semeadura do milho para o fim da janela ou para um período sem janela, de escuridão”, afirmou.
Plantio - Nesta semana, o milho 2ª safra chegou a 28% plantados em uma área total de 2,3 milhões de hectares no Estado. “Nem um terço plantando, isso é algo inimaginável para o mês de março, pois em ano anteriores, nessa mesma época, o plantio já havia atingido 70% da área plantada”, compara o secretário. O impasse a agora é com relação ao rigor técnico e depois de várias tentativas de ajustes no zoneamento climático. “Não é porque atrasou que vou mudar o zoneamento, dando a conotação de perda de credibilidade no mercado”, disse. Ortigara conta que no encontro com a ministra, buscou o compartilhamento do risco do milho 2ª safra. “A ministra não quis nos dar uma resposta imediata e pediu até sexta-feira para se manifestar sobre esse cenário e o pedido de dilatação do prazo para mais 10 dias de zoneamento”.
Outros estados - A semeadura do milho também está atrasada no Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, São Paulo e Minas Gerais. O secretário revela que todos os presentes quase imploraram um compartilhamento de risco com o governo federal. “Uma coisa é certa: os custos dos seguros aumentaram em virtude dos fatores de risco”, disse Ortigara.
Área e produção - De acordo com a Seab, a cultura do milho no Paraná ocupa uma área de 2,7 milhões de hectares, sendo 86,7% na segunda safra (2019/2020), com uma produção de 15,5 milhões de toneladas, correspondendo a 14,7% da produção nacional. O Estado é o segundo produtor, atrás do Mato Grosso, que concentra 34% da produção.
Zarc - O método de Zarc, desenvolvido pela Embrapa e parceiros, aplicado no Brasil oficialmente desde 1996, por meio do Ministério, proporciona a indicação de datas ou períodos de plantio/semeadura por cultura e por município, considerando as características do clima, o tipo de solo e ciclo de cultivares, de forma a evitar que adversidades climáticas coincidam com as fases mais sensíveis das culturas, minimizando as perdas agrícolas. A tecnologia constitui-se em uma ferramenta para o apoio à tomada de decisão para o planejamento e a execução de atividades agrícolas, para políticas públicas e, principalmente, à seguridade agrícola.