SAFRA I: Koslovski afirma que Paraná manterá produção agrícola

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Apesar da estimativa de redução 3,3% na produção nacional de grãos na próxima safra, anunciada quinta-feira (06/11) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o Paraná deve repetir o bom desempenho da sua produção agrícola na safra passada. Segundo o presidente do Sistema Ocepar, João Paulo Koslovski, com base no levantamento realizados pela Expedição Safra 2008/2009, uma iniciativa da RPC, com participação de técnicos da Ocepar e da Faep, o Estado terá um acréscimo na área do plantio da soja de cerca de 2,5% e uma redução de 1,5% no milho, diferente do cenário brasileiro. "Mas em termos de produtividade, a soja deve melhorar, considerando que a produção da oleaginosa deve crescer 5,25% e o milho deve cair apenas 1%", afirmou o dirigente, durante entrevista ao programa Bom Dia Paraná, nesta sexta-feira (07/11) na RPC.

Centro Oeste - De acordo com o dirigente, o recuo na produção brasileira foi puxado pelo Centro Oeste, onde há uma expectativa de redução de 10% na safra de algodão e de 6% no milho.  "No Centro Oeste, a atividade agrícola contava com o apoio de uma série de empresas que financiavam os produtores, garantindo a comercialização futura da safra. Em função da crise mundial, as empresas que respondiam por cerca de 40% do crédito para custeio na região, praticamente, deixaram de financiar o setor agrícola. Em função disso, o produtor está mais seletivo no que vai plantar", disse.

Comercialização - No Paraná, onde o plantio da próxima safra está praticamente encerrado, o fato que mais preocupa são as políticas governamentais de apoio à comercialização, principalmente, de trigo. De acordo com Koslovski, o governo está fazendo um trabalho importante, destinando recursos do PEP e também contratos de opção para garantir o preço mínimo, no entanto, as medidas não estão sendo suficientes, prova disso é o  mercado está praticamente paralisado. "Precisamos, portanto, que o governo tenha condições de ofertar um maior volume de recursos, para garantir pelo menos o preço mínimo do trigo, que foi o produto que mais apresentou queda de julho a novembro, em torno de R$ 10,00 por saca, o que indica a necessidade de intervenção do governo em relação aos mecanismos de comercialização", ressalta.

Medidas governo - Outra questão que preocupa o setor produtivo é o fato das medidas para amenizar os efeitos da crise financeira anunciadas pelo governo não estarem refletindo no produtor. Na opinião de Koslovski, o  governo está sendo competente na adoção e anúncio de medidas, sendo que o ministro da Agricultura, Reinhold Stephanes tem um papel importante neste contexto e na articulação com o Ministério da Fazenda. Ele lembra que houve disponibilização de mais recursos para custeio, além disso o ministro trabalhou muito para que o setor agrícola tivesse mais recursos dos adiantamentos de contratos de câmbio para exportações. Também anunciou esta semana uma importante medida, que é a política de garantia de preço mínimo, que terá cerca de R$ 4 bilhões para amparar a comercialização do produto no início da safra.

Recursos não chegam na ponta - "A grande preocupação no momento é fazer com que o dinheiro chegue na ponta", frisa Koslovski. Segundo ele, apesar dos esforços do governo, há uma grande resistência de significativa parcela dos agentes financeiros em relação a colocar o dinheiro resultante das medidas do governo à disposição das cooperativas e dos produtores. "Além disso, o custo do dinheiro aumentou, o que significa que o custo de produção também será ampliado, prejudicando a rentabilidade do setor. O apelo que temos feito, e vamos ter uma reunião na próxima semana no Ministério da Agricultura para discutir este assunto, é para que haja uma forte atuação do governo junto aos agentes financeiros para que o dinheiro realmente chegue na ponta, afinal as medidas anunciadas são boas, mas infelizmente até o momento não há um atendimento global dos produtores no sentido de minimizar os efeitos da crise", alerta o dirigente.

Cautela - A orientação da Ocepar, portanto, é para que as cooperativas e os produtores tenham cautela neste momento de crise. "O Paraná terá uma safra praticamente igual ao ano anterior, mas se tivermos uma crise maior nos Estados Unidos, as turbulências poderão nos prejudicar. Então, é importante que o produtor adie os investimentos que faria a longo prazo. Também é importante ter tranqüilidade e consultar, no momento da comercialização, os especialistas e suas cooperativas para que possa manter um nível de rentabilidade, buscando a melhor maneira de comercializar sua safra", conclui.

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