Por Moacir Micheletto*
Há
dez anos consecutivos, a economia brasileira cresce a uma taxa de 2,2%
ao ano, num ritmo inferior ao da média mundial, que teve expansão
de 3,8%. Sem nenhuma bola de cristal, antevejo que esse triste cenário
continuará nos próximos cinco anos, caso o governo da União
não decidir adotar medidas emergentes em favor do agronegócio
nacional.
O campo está vivenciando enorme crise. E o pior é que o
agricultor encontra-se intranqüilo, triste e desiludido com a política
monetária do Banco Central, que só verifica a inflação
– um antigo elefante, encontrado adormecido e que deixa de observar
o quanto à agropecuária pode contribuir para o fortalecimento
da economia brasileira. Recordo-me da “Canção dos
Tamoios”, de Gonçalvez Dias: “Não chores, meu
filho, não chores. A vida é luta renhida. Viver é
lutar. É uma luta que aos fracos abate e aos fortes, aos bravos,
só pode exaltar”. Não é problema de choro,
é questão de sobrevivência da nacionalidade!
Se a agricultura estiver mal, como está, haverá greve e
desemprego no ABC paulista, porque de cada três veículos
produzidos, um é destinado ao agronegócio. Caso não
haja, no curtíssimo espaço de tempo, medidas de amparo ao
setor rural, haverá a continuidade do abate dos bravos produtores
rurais, que não medem esforços para auxiliar na construção
de um país solidário e justo, desde que não sejam
totalmente abatidos pela inércia de um governo dúbio, descontrolado
e, sobretudo, incompetente.
Se nos EUA existe proteção aos produtores rurais desde 1933,
pelo Agricultural Adjustment Act, que oferece sustentação
de preços e de pagamentos diretos aos agricultores norte-americanos
pela sustentação da renda pelo Deficiency Payments, lamentavelmente
no Brasil vê-se insegurança na hora do plantio, insegurança
no cultivo, insegurança na ordenha, insegurança no abatedouro,
insegurança na colheita e insegurança na comercialização.
É preciso estimular as florestas plantadas, por exemplo, que representam
apenas 2% da área de produção florestal, todavia
esse importante segmento exportou madeira processada mecanicamente para
os EUA, França, China e outras nações, cerca de US$
9 bilhões em 2004.
É mais do que justo o governo da União vir a público
e socorrer seus agricultores – verdadeiros heróis nacionais,
neste momento de angústia na noite e de infortúnio no dia,
apesar dos avanços de produtividade pelo profissionalismo, utilização
de modernas tecnologias e de adequada gestão de seus negócios.
O governo da União não deve continuar de costas para a agricultura,
com descaso total, é preciso que se posicione de frente para que
nossos abnegados produtores rurais prossigam com suas atividades em benefício
do crescente desenvolvimento deste fabuloso país, que tanto amamos
e que desejamos vê-lo com prosperidade para todos.
(*) É
deputado federal do PMDB-PR, Presidente da Frente Parlamentar de Apoio
à Agricultura
Vice-Presidente da FAEP
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