LEITE I: Vaca móvel monitora a qualidade na propriedade
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Exames que antigamente demoravam até 15 dias para medir a qualidade do leite vem sendo realizados em 30 minutos - e na propriedade pecuária. Um laboratório ambulante, que vem sendo chamado de "vaca móvel", percorre 150 sítios da região de Cascavel, que receberão o serviço por dois anos. A iniciativa é do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) e da Fundação Araucária em parceria com a Universidade do Oeste (Unioeste). A meta é garantir qualidade à produção com a ferramenta do projeto Agentes Locais de Inovação (ALI).
Municípios - Lançada em julho, a "vaca móvel" auxilia produtores de Guaraniaçu, Campo Bonito e Diamante do Sul, municípios da microrregião de Cantuquiriguaçu - território que abrange 20 municípios localizados entre a região central e o Oeste do estado com 48% da população no meio rural. De acordo com o zootecnista Jardel José Busarello, responsável pela proposta em Campo Bonito, a meta é atender 50 produtores em cada um dos três municípios escolhidos. Trata-se de um automóvel com um pequeno laboratório no porta-malas, que percorre as propriedades rurais para fazer análise da qualidade e sanidade do leite.
Exames - Uma bateria de exames com até 18 testes diferentes é realizada para analisar a composição e a presença de resíduos de medicamentos na produção leiteira. Outros dois exames são feitos com amostras de leite encaminhadas a um laboratório credenciado em Curitiba para verificar a presença de bactérias.
Gratuito - O produtor adere ao projeto de forma voluntária e os exames são gratuitos. Alguns pecuaristas chegam a ficar desconfiados quando são informados de que receberão assistência sem custo algum. "A principal barreira que temos para atravessar é essa. Mostrar os benefícios do projeto e que ele não vai custar nada ao produtor", conta Busarello. A adesão pode ser feita nas secretarias de agricultura dos municípios participantes do programa. Em Campo Bonito, houve 27 adesões.
Instruções normativas - O zootecnista explica que a preocupação com a qualidade da produção e transporte do leite segue instruções normativas federais. "Muita gente não respeita a instrução do Ministério da Agricultura que regulamenta a questão do leite. Se ficar algum resíduo no produto, é preciso descartar a carga inteira."
Produtor - Há dois anos e meio o produtor rural Ageu Munch, que mora no reassentamento da Copel em Campo Bonito, migrou da avicultura para a pecuária de leite. Em média ele produz 100 litros por dia. Munch é um dos 20 produtores do reassentamento que receberão auxílio do projeto. "A gente tem que se capacitar mais a cada dia para ficar competitivo. O projeto está interessado em fazer do produtor um profissional", avalia.
Orientação - Após as análises, feitas com auxílio de um programa de computador instalado na unidade móvel, o produtor recebe um laudo com os resultados do testes. Quando é detectado algum problema, o agente local sugere mudanças no sistema de produção, que podem ou não ser adotadas pelo pecuarista. Os técnicos fazem um diagnóstico de cada propriedade antes mesmo de iniciarem os exames no leite. As visitas ocorrem pelo menos a cada dois meses, durante dois anos. Os produtores do território de Cantuquiriguaçu estarão mais preparados para atender um novo laticínio que deve se instalar na região, afirma o consultor Cecílio Max Batista. O Sebrae está fazendo um estudo para definir que tipo de derivado a indústria vai produzir a partir do ano que vem. (Gazeta do Povo)