FLORESTAS: Uma mão lava a outra
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Pensando em atender a demanda do polo moveleiro por madeira de qualidade, em diversificar a produção agropecuária do município e em contribuir para a preservação ambiental, o Sindicato das Indústrias de Móveis de Arapongas (Sima) idealizou um viveiro de mudas em uma área de dois alqueires na zona urbana da cidade, conhecido como Programa de Auto Sustentabilidade de Matéria-Prima para o Polo Moveleiro do Norte do Paraná (Simflor).
Capacidade de produção - Sob a coordenação técnica do engenheiro agrônomo Fernando Martin, do Instituto Paranaense de Assistência Técnica e Extensão Rural (Emater), o viveiro tem capacidade para produzir até 3 milhões de mudas de eucalipto, que são vendidas a preço de custo aos produtores da região. Hoje, o viveiro abastece 900 hectares de plantio em 400 propriedades rurais a um raio de 90 quilômetros de Arapongas, chegando a comercializar 400 mil mudas por ano.
Maior consumidor - ''Arapongas é o maior consumidor de placas de madeira e madeira serrada do País, por isso a necessidade de ofertar matéria-prima às indústrias do polo moveleiro, diminuindo, inclusive, o custo com frete'', justifica Martin. Segundo ele, a madeira serrada produzida na região serve para a sustentação de estofados e camas-box e a madeira macia e resistente do eucalipto é usada ainda no design do mobiliário, já que a nova tendência é a madeira aparente. ''A mesma madeira também é usada como fonte de energia para as indústrias.''
Renda - Para Martin, além de aproveitar áreas subutilizadas da propriedade, o cultivo da madeira gera renda ao agricultor. ''Uma floresta de um hectare pode render até R$ 53,5 mil em 12 anos, quando ocorre o desbaste final'', calcula o agrônomo, citando que em um ano, a mesma floresta rende R$ 4,5 mil por hectare. ''A árvore passa a ser um investimento'', garante Martin, lembrando que o produtor é capacitado pela Emater desde o plantio até a colheita e fica cadastrado no Sima como fornecedor preferencial.
Pioneiro - Conforme ele, o Simflor foi pioneiro no incentivo à silvicultura e atua há 13 anos em Arapongas, produzindo madeira de múltiplo uso, que atende os setores de energia, papel e celulose e serraria. ''Por isso a vantagem da diversificação na pequena propriedade.''
Preço de custo - A muda é vendida a preço de custo ao produtor rural por R$ 0,22. No solo fértil do Norte paranaense, onde chove bem durante o ano, o corte final da madeira acontece em até 12 anos. Martin explica que o primeiro desbaste ocorre aos seis anos, quando a lenha é vendida como fonte de energia para as indústrias. O segundo corte acontece no oitavo ano, quando metade das árvores é destinada às serrarias. E o terceiro e final corte ocorre após 12 anos de cultivo, quando a madeira grossa abastece a indústria de batentes, vigas e janelas, encosto de cadeiras e braços de poltronas.
Desbaste - Ainda de acordo com o agrônomo, o desbaste para energia rende até R$ 68 a tonelada (t), enquanto o material para serraria paga R$ 110/t, um incremento de 61%. Já a madeira de corte final chega a valer R$ 150/t. A condução do viveiro de mudas envolve funcionários do Sima capacitados pela Emater. Após compactar o substrato para receber a semente, o funcionário leva a muda para o canteiro de germinação, onde a planta passa por alternagem e desbaste até atingir o padrão de expedição, após cerca de cinco meses. A muda perfeita tem 15 centímetros de altura e de seis a oito pares de folhas.
Garantia de matéria-prima - ''O Simflor é importante para o Sima pois garante a oferta de matéria-prima de qualidade, economia no frete e promove a conservação ambiental. Já para o produtor rural, a vantagem da parceria com o viveiro está na diversificação da produção e diminuição do impacto ambiental com uma cobertura florestal na propriedade'', reforça Martin, destacando ainda a madeira como renda futura, que pode garantir uma aposentoria ao agricultor, ou até mesmo renda anual, se o plantio for fracionado. (Folha de Londrina)