Financiamento de máquinas agrícolas despenca

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A crise de rentabilidade no segmento de grãos, que se aprofunda desde 2004, golpeou as vendas de máquinas agrícolas no país nesta safra (2005/06). E, nesse contexto, mesmo a comercialização com financiamento a juros controlados, por meio do Moderfrota e do Finame, despencou. Conforme dados da Secretaria de Política Agrícola do Ministério da Agricultura, os desembolsos do Moderfrota nos nove primeiros meses da safra - julho de 2005 a fevereiro último - totalizaram R$ 997,20 milhões. O montante é 57,6% inferior aos recursos liberados em igual período do ciclo 2004/05. Na mesma comparação, os desembolsos do Finame recuaram 95,4%, para R$ 23,63 milhões. Em 2005 (janeiro a dezembro), o desembolso de recursos para máquinas pelo BNDES já havia caído 59% em relação a 2004, para R$ 1,9 bilhão (incluindo as duas linhas de crédito). Conforme informou a assessoria de imprensa do banco, a meta para 2006 é pelo menos repetir o desempenho do ano passado.

Vendas - A tendência preocupa as montadoras, que entre julho e fevereiro registraram retração de 36% nas vendas ao atacado, para 14,4 mil unidades, de acordo com a Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea). Mas a situação é mais grave no varejo. Hari Hein, diretor de tratores da Associação Brasileira dos Distribuidores Agrale (Abrada), afirma que “o mercado está totalmente parado”. “Não tenho conhecimento de nenhum produtor que pegou recursos para financiamento de máquinas usadas. E a venda de máquinas novas está parada. Esse ano está pior que o ano passado”, afirma Hein. Ele observa que muitos agricultores do país já tiveram suas dívidas de financiamento de safras anteriores prorrogadas e agora esperam um novo pacote de ajuda do governo para voltar a comprar máquinas. Para Hein, as empresas de máquinas também está aguardando as medidas de apoio que o governo federal deve anunciar esta semana para replanejar suas estratégias de vendas.

Mais demissões – A descapitalização dos agricultores, o preço baixo dos produtos agrícolas e a desvalorização do dólar desenharam um início de 2006 desanimador para o setor de máquinas agrícolas. Em Santa Rosa, no noroeste do Rio Grande do Sul, um dos pólos produtores de equipamentos para o campo, cerca de 180 pessoas perderam o emprego desde janeiro. Os três primeiros meses demonstram que o ano pode repetir o mau desempenho de 2005. No Sindicato dos Trabalhadores Metalúrgicos do município, já foram feitas 123 rescisões. Somente da AGCO, fabricante de equipamentos Massey Ferguson, foram 118. Em 2005 houve 1.190 demissões no setor no município. Na Jama, empresa do presidente do Sindicato das Indústrias Metalúrgicas, Metalmecânicas e de Material Elétrico, Moacir Maronez, 30 funcionários foram dispensados neste ano. A fornecedora de peças para as grandes fábricas, que por dois anos trabalhou durante 24 horas, também teve de cortar um dos três turnos de serviço. Em Horizontina, em janeiro e fevereiro, 38 pessoas perderam o emprego, principalmente na fábrica da John Deere. Apesar de o número ser baixo, a situação preocupa o presidente do Sindicato dos Metalúrgicos local, pois as empresas já estavam trabalhando com um quadro enxuto. Algumas fábricas menores na região estão atrasando o pagamento de salários. (Valor Econômico)

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