FEBRE AFTOSA: Ocepar participa de audiências públicas no Paraná e em Brasília

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Lideranças nacionais e estaduais discutiram nesta quinta-feira (15/12), no plenarinho da Assembléia Legislativa do Paraná, a questão da febre aftosa no Estado. O presidente da Ocepar, João Paulo Koslovski, o superintendente adjunto, Nelson Costa, e Flávio Turra, gerente técnico e econômico, participaram dos debates. Esta foi a segunda audiência pública para tratar do assunto. A primeira foi em Brasília, na terça-feira (13/12), da qual participou o superintendente, José Roberto Ricken.

Discordância - O representante do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), Jamil Alves de Souza, que é o coordenador de Combate as Doenças do Ministério, afirmou mais uma vez que existe um foco no Paraná, em São Sebastião da Amoreira. Já o vice-governador Orlando Pessuti discorda da postura do Mapa e entende que não existe tal foco. O coordenador do Mapa disse que a erradicação da doença, iniciada em 1960, depende de uma ação conjunta dos governos federal e estadual e dos produtores de carne no Brasil. “O menor vacilo em relação à febre aftosa pode gerar um estrago muito grande. O Brasil tem que avançar na erradicação da febre aftosa, para isso deve fazer o controle também nas fronteiras com outros países, pois o vírus não respeita barreiras”, ressaltou Souza.

Acordo - Apenas um acordo entre o governo estadual e o federal poderia colocar fim ao impasse do foco de febre aftosa no Paraná. A alternativa foi citada pelo deputado César Silvestre (PPS-PR), relator da Proposta de Fiscalização e Controle para o caso da aftosa no Paraná. “Tecnicamente os dois (secretaria estadual da Agricultura e o Ministério da Agricultura) têm razão. O nosso interesse é que haja um entendimento. Se há o foco, que o Paraná determine o sacrifício, mas se não há, que o Ministério da Agricultura tenha humildade e reconheça que não há”, afirmou Silvestre. Durante mais de quatro horas, representantes do Ministério da Agricultura, da Secretaria Estadual de Agricultura e Abastecimento, da Panaftosa, além de um médico veterinário virologista, outro patologista e o gerente da Fazenda Cachoeira, onde foi confirmado o foco da doença no início do mês, defenderam seus pontos de vista, durante a audiência pública realizada na Assembléia Legislativa.

Laudo - Orlando Pessuti, voltou a afirmar que o Paraná não tem febre aftosa. “O laudo emitido pelo Lanagro não comprova o isolamento, nem a identificação do vírus”, afirmou, acrescentando que o Ministério da Agricultura não poderia ter se baseado só em sorologia e na origem dos animais para decretar o foco. Pessuti afirmou, ainda, que o Estado não está descumprindo as normas da OIE (Organização Internacional de Sanidade Animal). “A OIE e o Ministério da Agricultura facultam ao Estado a optar pelo prazo de seis meses (no caso de sacrifício sanitário) ou 18 meses (se não houver o sacrifício). Por enquanto, estamos cumprindo a norma dos 18 meses”, falou, referindo-se ao prazo para que o Estado reconquiste o status de área livre de aftosa com vacinação. “Se vamos optar pelo sacrifício ou pelo abate, ou nem mesmo pelo abate, isso ainda vai ser decidido”, afirmou. Segundo Pessuti, a decisão só será tomada depois que a comissão que foi conversar com representantes da União Européia e da OIE retornar ao Brasil e depois, ainda, que o ministro da Agricultura Roberto Rodrigues voltar de sua viagem a Hong-Kong.

Lesões - Durante a audiência pública, o coordenador-geral de combate às doenças do Ministério da Agricultura, Jamil Gomes de Souza, argumentou que o animal infectado com o vírus da aftosa pode ficar “curado” a partir do 15.º dia depois do início dos sinais clínicos. “Depois disso, é muito difícil isolar o vírus”, afirmou. Souza argumentou ainda que os exames Elisa 3ABC e EITB, que teriam indicado a doença em 22% dos exames realizados em 209 animais da Fazenda Cachoeira - e que por isso teve o foco decretado - são utilizados no País desde 99 e são de alta sensibilidade.

Falta de recursos – Professor da Universidade Estadual de Londrina e doutor em Virologia, Amauri Alfieri criticou a falta de recursos por parte do governo federal na sanidade animal e a falta de investimentos nos laboratórios. “Precisamos de análises laboratoriais que nos dêem uma certeza maior para confirmar o foco. Só que para fazer um diagnóstico diferencial é preciso ter infra-estrutura laboratorial”, criticou.

Chute - O coordenador do curso de Medicina Veterinária da Cesumar e doutor em Patologia, Raimundo Tostes, refutou a afirmação feita por Jamil de Souza de que as lesões da febre aftosa podem desaparecer. “Dizer que as lesões regridem em sete ou dez dias é muito relativo. A aftosa, mesmo que ocorra de maneira subclínica, tende a permanecer no tecido epitelial. O vírus não desaparece tão rapidamente”, argumentou. Para Tostes, os animais do Paraná apresentaram a BVD (Diarréia Viral Bovina). “Dizer que era aftosa, me desculpem a expressão, foi ‘um chute’”.

Verdade - “Estamos procurando identificar quem está falando a verdade”, afirmou o deputado César Silvestre. Segundo ele, a tarefa não é fácil, já que o assunto é muito técnico. “O propósito maior é que essa discussão acabe o mais rápido possível”, disse. O melhor caminho, afirmou, seria o acordo entre as partes. Se isso não ocorrer, e a Comissão da Agricultura da Câmara dos Deputados entender que não há aftosa no Paraná, os deputados federais poderão pedir que o Ministério da Agricultura reveja a decisão de decretar a doença no Estado. (Com informações do jornal do Estado do Paraná)

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