CRISE NO CAMPO II: Paulo Bernardo adianta medidas em benefício da agricultura
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Durante visita à sede da Ocepar na tarde desta segunda-feira (22/05), o ministro do Planejamento, Paulo Bernardo, falou sobre a crise do agronegócio e sobre as medidas que o governo deve tomar para contê-la. “Está sendo discutido um conjunto de medidas para não apenas atender o plano de safra do ano, mas também resolver questões estruturais, como o seguro agrícola. É necessário o seguro no caso de um problema, de uma frustração. Acho que vai ser um bom plano de safra e junto com as medidas emergenciais eu acho que cobre o problema”, disse o ministro. “Vamos disponibilizar dinheiro para o pessoal ter um seguro agrícola”, completou. As medidas devem ser anunciadas no próximo dia 25. O ministro veio à Ocepar para fazer a entrega do Registro Sindical da Fecoopar – Federação das Cooperativas do Estado do Paraná.
Orçamento - Sobre o corte do Orçamento, que atingiu o Ministério da Agricultura, Bernardo disse que os únicos cortes na pasta da Agricultura foram nas emendas parlamentares coletivas, pois as individuais foram preservadas. “Em compensação já temos orientação do presidente para, se precisar, fazer suplementações. Às vezes as emendas atendem, às vezes não. O orçamento propriamente dito do ministério foi preservado. As questões vitais estão preservadas”, afirmou. Sobre a alta do dólar, o ministro comentou que não há problema porque o governo tem reservas de sessenta bilhões de dólares e os compromissos internacionais estão praticamente atendidos e, portanto, não há vulnerabilidade. “Acho que, para os exportadores que estão reclamando da cotação do dólar, falar que o dólar está subindo é música. Vai trazer ânimo”, emendou.
Alta do dólar – Ainda falando sobre a repentina elevação do dólar, que fechou o dia valendo R$ 2,28, com variação positiva de 3,6% – a maior observada nos últimos três anos, o ministro disse que não haverá problemas para o País. “O governo estava preparando medidas para desvalorizar o real, como a prorrogação do prazo da entrada da moeda norte-americana, mas o mercado se antecipou. Isso deverá animar os exportadores”, comentou o ministro. Ainda que a cotação do dólar suba significativamente, acrescentou ele, o país tem condições de pagar seus compromissos ao longo deste ano, pois dispõe de reservas de US$ 60 bilhões.
Medidas – O ministro Paulo Bernardo adiantou que o governo já reservou R$ 2 bilhões para aquisição de produtos agropecuários, para melhorar o preço. Além disso, está prorrogando dívidas e preparando o plano de safra que vai ser anunciado na quinta-feira (25/05), com medidas importantes como o seguro agrícola, reforço no volume de recursos, e analisa ainda algumas reivindicações feitas pelo setor. “O governo também está tomando medidas para melhorar o câmbio, para evitar a continuação da valorização do real frente ao dólar”, frisou. O ministro disse ainda que os protestos promovidos pelos agricultores nos últimos dias são legítimos. “Temos que manter o diálogo com as lideranças”, afirmou. “O presidente tem recebido o pessoal do agronegócio e nós queremos dialogar. Não interessa para o governo ter o agronegócio desestruturado. É parte de uma economia exportadora muito importante para o Brasil”, comentou Bernardo. Em entrevista à imprensa, reconheceu os problemas e considerou justas as reivindicações. "Quando brigam não estão desprovidos de razão", disse. Mas salientou que o governo não pretende realizar uma renegociação indiscriminada das dívidas.
Seguro rural deve estar entre as medidas - Além de anunciar um plano de financiamentos para a próxima safra, o governo pretende, na próxima quinta-feira (25), apresentar algumas medidas para resolver problemas estruturais do agronegócio, anunciou o ministro Paulo Bernardo. A principal medida diz respeito ao seguro agrícola, que já foi criado por lei, mas, na prática, não tem recursos suficientes para garantir a cobertura dos produtores. “É um problema que precisamos resolver de vez, para que daqui a dois ou três anos a agricultura não tenha outra crise como esta”, destacou Bernardo. Ele não especificou se o pacote de medidas vai contemplar a principal reivindicação do setor agrícola – o alongamento das dívidas.
Dólar - Sobre a alta do dólar, que chegou a R$ 2,30, Darci Piana, presidente da Fecomércio, avaliou ser necessário que isso aconteça, pois o dólar já trouxe muita dor de cabeça ao agronegócio. “O resultado da agricultura, que pesa muito nos nossos negócios no interior, tem trazido uma preocupação muito grande. Nós temos regiões do Estado onde o comércio caiu muito em função da falta de exportação. Por exemplo, em União da Vitória, a dificuldade da exportação de madeira, que representa o grande setor econômico na região, o varejo chegou a cair 70%. Além disso, a agricultura puxa junto, a agropecuária está com dificuldades e o milho da região não tem como vender”. Piana espera que o dólar siga para até R$ 2,50, o que seria a solução para a agricultura, na opinião dele.
Renda comprometida - Ágide Meneguette, presidente da Federação da Agricultura do Estado do Paraná (Faep) disse que a renda do setor rural brasileiro está comprometida em função da política macroeconômica e em função do clima nos dois últimos anos. Para ele, falta uma decisão do governo para se viabilizar um seguro adequado aos agricultores. Meneguette espera que esse pacote atenda as reivindicações do setor, e a primeira é o alongamento em relação às dívidas. “Não pedimos perdão, mas sim condições para que os produtores consigam pagar suas contas”.
Expectativa – Em relação às medidas que devem ser anunciadas pelo governo no próximo dia 25, o deputado federal Moacir Micheletto (PMDB) disse esperar que não venha um engodo novamente. “A situação é bastante crítica e o governo não pode levar isso com a barriga”, disse. O deputado destacou a necessidade de alongamento das dívidas para os agricultores pagarem as dívidas. “Passamos por uma crise de secas consecutivas”, lembrou. “Vamos aguardar além das medidas emergenciais as medidas estruturais”, disse Micheletto, lembrando que a crise não é só agrícola, mas também econômica. “Precisamos ter juízo neste momento e aguardar que o governo anuncie as medidas que o setor está pedindo. Senão, eu tenho certeza que os agricultores voltam às estradas e bancos dar seu grito de indignação”.