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CRISE NO CAMPO II: Maior motivo para desemprego é falta de renda no campo, diz Ocepar

O principal fator que ocasiona o desemprego é a crise na agricultura. Um levantamento divulgado pela Organização da Cooperativas do Estado do Paraná (Ocepar). Preocupado com o cenário, o presidente da Ocepar, João Paulo Koslovski, lembra que a quebra da safra paranaense, não foi motivada apenas pela seca, que mais uma vez assolou várias regiões do Estado. Para o dirigente, além da questão climática, outros fatores também contribuíram de forma decisiva para a queda na rentabilidade do setor, fazendo com que a crise bata mais forte agora à porta dos produtores. "Uma conjunção de fatores, represados pela insensibilidade de alguns setores da nossa economia, gradativamente começam desaguar sobre os produtores, fazendo com que milhares deles deixem de ter renda e se descapitalizem. Esta é uma situação que irá provocar uma avalanche de desemprego, tanto no campo como nas cidades", afirma.

Redução de empregos - Entres os indicativos, Koslovski destaca o problema cambial, queda dos preços interna e externamente, perda do poder de troca do setor, entre outros. As demissões nas agroindústrias e redução no nível de empregos no setor rural. As demissões serão inevitáveis em função da queda de renda no campo. "Não só diminuirão ofertas de vagas como haverá demissões nas agroindústrias, no campo e também em outros setores da economia", frisa Koslovski. Ele lembra que os primeiros levantamentos oficiais realizados pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), indicam que a taxa de desemprego das seis principais regiões metropolitanas do país subiu para 9,2% da população economicamente ativa em janeiro de 2006, o que representa cerca de 232 mil postos de trabalhos a menos.

Cenário que se repete - O dirigente frisa que o cenário vivido no ano passado poderá se repetir e até se agravar neste ano. Para se ter uma idéia, neste mesmo período do ano passado, entre janeiro a julho de 2005, foram ofertados 219,94 mil empregos formais na agropecuária, o que representou naquela ocasião uma queda de 19% na comparação com igual período do ano anterior (2004), quando 271,58 mil empregos foram oferecidos. Historicamente o setor é responsável pela criação de mais postos de trabalho no primeiro semestre de cada ano. Isto ocorre em virtude das colheitas de várias culturas demandarem maior contratação de mão-de-obra neste período.

Evolução da crise - O presidente da Ocepar ressalta que "os números indicam a evolução da crise no setor. Negar o atual quadro e deixar de implementar medidas emergenciais e corretivas a curto e em longo prazo poderá ser desastroso para a agricultura brasileira e para o agronegócio". Koslovski alerta de que "a atual colheita não será suficiente para saldar o pagamento dos compromissos assumidos pelos agricultores", por isso ele alerta para a necessidade do Governo Federal agilizar medidas emergenciais, as quais foram propostas pelo setor ao Ministério da Agricultura e Ministério do Planejamento no início do mês e que começam a se configurar na chamada "MP do Bem" para a agricultura e anunciadas no último dia 22 de fevereiro pelo ministro Roberto Rodrigues.

Queda da rentabilidade - Entre os principais pontos do estudo da Ocepar, como já pudemos perceber na série de gráficos, chama atenção para a queda drástica na rentabilidade média do produtor de soja. Os cálculos da entidade levaram em conta os custos operacionais reais (corrigidos pelo índice de inflação IGP-DI) menos o preço de mercado entre o período 1994/1995 e 2004/2005 que era de R$ 11,82 por saca do produto. Na atual safra, a rentabilidade passou a ser negativa, ou seja, menos R$ 1,34 por saca de soja colhida, uma queda de renda para os produtores de 111%, para o milho de menos 224% e para o trigo, situação pior, menos 324% em uma década apenas.

Perda do poder de troca - Outra prova de que os reclamos do setor precisam ser ouvidos é o crescimento da relação de troca. O estudo da Ocepar aponta que no ano de 2003, para um produtor adquirir um trator de 100 cv, eram necessárias 2.962 sacas de soja, no ano passado esta relação saltou para 4.946 sacas, um aumento em apenas três safras de 67%. No caso de agroquímicos - 1 litro de fungicida, por exemplo - esta relação aumentou em quase 50% no mesmo período. Em 2003 eram necessárias 2,76 sacas de soja, em 2005 foram 4,13 sacas. Para outras culturas o cenário não foi diferente. No caso do trigo, a relação de troca para aquisição de uma tonelada de fertilizante era de quase 30 sacas em 2003 e, no ano passado, 43,11 sacas, um aumento de 47,8%. O crescimento da relação do milho também ficou nos mesmos patamares. (Tribuna do Interior/Campo Mourão).

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