CRISE NA AGRICULTURA: Produtores dos Campos Gerais protestam em Castro
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Cresce o grau de insatisfação da agropecuária paranaense com a crise de preços, a repercussão da febre aftosa, os reflexos negativos da política cambial, os problemas de mercado e os prejuízos da estiagem, entre outros fatores. Em função disso, produtores de Castro estão organizando uma grande mobilização para o próximo sábado, dia 18. O protesto será no Parque Lacustre, a partir das 9 horas. Será a terceira mobilização dos Campos Gerais desde o início do ano, organizada pelo Movimento Pró-Agropecuária, que já realizou eventos em Tibagi, Curiúva e Palmeira, e busca sensibilizar as autoridades para que viabilizem as soluções apontadas. Conforme o produtor Eduardo Medeiros Gomes, do Grupo de Mobilização do Sindicato Rural de Castro, não é preciso ir longe para ter a solução do problema. "Não queremos pedir mais prazo. O que queremos é preço", diz. É preciso uma política de apoio, com preço compatível ao valor da produção, que proporcione renda ao produtor. "Se houver a manutenção da renda não haverá necessidade de mais prazo", reitera.
Empobrecimento - Com suas máquinas e ferramentas nas ruas da cidade, os produtores querem chamar a atenção para os problemas da atual política agrícola do Governo Federal "que empobrece o agropecuarista e inviabiliza a produção rural". Para se ter uma idéia dos problemas enfrentados neste momento basta ver os exemplos dos preços pagos ao produtor de leite, uma das principais atividades econômicas dos Campos Gerais. Neste caso, os produtores vêm trabalhando novermelho há mais de dois anos, pagando para produzir. A queda entre o preço recebido em setembro de 2003 – que era de R$ 0,53/ litro - e o preço recebido este ano (janeiro de 2006) que foi de R$ 0,41/litro, sinaliza para uma perda de 22,64%.
Perdas
Leite R$/litro |
Suínos R$/kg |
Trigo R$/saco |
Milho R$/saco |
Soja R$/saco |
|
Preço em 09/2003 |
0,53 |
2,01 |
26,41 |
17,20 |
42,96 |
Preço atual |
0,41 |
1,35 |
20,00 |
14,50 |
26,00 |
Queda de preço |
- 22,64% |
-32,84% |
- 24,24% |
-15,70% |
- 39,47% |
Fonte: Bacen, Esalq e cooperativas da região. - No mesmo período, a inflação medida do IPCA subiu 16,38% e a taxa Selic teve uma alta de 49,13%.
Os prejuízos alcançam 18% no caso de produtores de leite; 16,67% para os suinocultores; 26,52% para os produtores de trigo; 19,71% para os produtores de milho e de 0,15% no caso da soja. As frustrações e perdas provocadas pela estiagem nos últimos dois anos agrícolas somam-se ao alto grau de endividamento dos produtores e às dificuldades enfrentadas na comercialização.
Propostas de apoio
à produção:
1. Uma política de preços mínimos efetivamente aplicada
que garanta a renda dos produtores, na forma da lei, conforme a tabela a seguir:
Sugesão de preços
Leite R$ / litro |
Suínos R$ / kg |
Trigo R$ / saco |
Milho R$/saco |
Soja R$ /saco |
|
Custo de produção |
0,50 |
1,62 |
27,22 |
18,06 |
26,04 |
Preço atual |
0,41 |
1,35 |
20,00 |
14,50 |
26,00 |
Preço mínimo reivindicado |
0,65 |
2,10 |
35,39 |
23,48 |
33,85 |
2. Apresentar uma solução para o problema do endividamento; O
movimento tem o apoio da iniciativa privada e órgãos públicos
da região, como o Sindicato Rural de Castro, Prefeitura Municipal, a
Associação dos Municípios dos Campos Gerais, o Sindicato
do Comércio Varejista e a Associação Comercial e Empresarial
de Castro, a Sociedade Rural, o Núcleo dos Sindicatos Rurais dos Campos
Gerais, parlamentares do Congresso Nacional, da Assembléia Legislativa
do PR e autoridades da região. (Faep)