CRISE FINANCEIRA: Governo quer blindar agricultura das turbulências

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Uma avaliação das medidas adotadas pelo governo para blindar o setor agrícola dos efeitos da crise financeira internacional será tema de uma reunião marcada para amanhã, em Brasília, disse ontem o ministro da Agricultura, Reinhold Stephanes. Ele disse que a idéia é reunir ''especialistas e inteligências'' para tentar traçar estratégias que permitam o apoio do governo para o período de comercialização da safra, a partir do início do ano que vem. Stephanes reafirmou que a orientação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e do ministro da Fazenda, Guido Mantega, é garantir os mecanismos de apoio à comercialização. ''Ainda não sabemos se o governo precisará lançar outros mecanismos de apoio, mas se for preciso, faremos'', disse.


Alerta - Ele fez, no entanto, um alerta aos produtores rurais. ''Os instrumentos que foram utilizados até aqui serão suficientes para amenizar os impactos da crise, mas não para resolver todos os problemas'', disse. Para a safra 2009/10, Stephanes disse que provavelmente o governo terá que ofertar mais recursos a juro controlado, hoje em 6,75% ao ano, para compensar a ausência das tradings do financiamento. ''O governo vai ter de adotar medidas mais claras e isso vai acontecer por meio dos bancos oficiais'', disse. Ele lembrou ainda que o plantio da próxima safra depende do nível de preços dos fertilizantes. De acordo com ele, não é esperada uma ''explosão'' no preço do petróleo, cotação que influencia diretamente o preço dos nitrogenados. Ele disse, no entanto, que ''é preocupante'' a situação do potássio e do fósforo. ''Os preços caíram um pouco, mas não vemos espaço para cair mais'', afirmou.


Fertilizantes - Ele classificou como ''armadilha'' a situação do abastecimento interno de fertilizantes. Stephanes contou que os demais países da região também estão preocupados com o abastecimento de fertilizantes. ''Com exceção do Chile, o problema é comum a todos os países da região'', disse. Ainda sobre esse assunto, ele defendeu a importação direta de matéria-prima para a produção de fertilizantes e a organização dos produtores em grupos para a compra no exterior. Stephanes contou que num primeiro momento o governo está estimulando a visita de empresários brasileiros a países produtores, como Rússia, China, Egito e Polônia. Ele não descartou que posteriormente o governo lance linhas de créditos para importação direta de fertilizantes.


Preços - Stephanes descartou a possibilidade de aumento dos índices de inflação como resultado da quebra de safra e da valorização do dólar frente ao real. De acordo com ele, os preços das commodities estão atrelados à moeda americana, e com a variação positiva, as cotações dos produtos agrícolas recuam no mercado internacional, o que influencia os preços internos. Stephanes também falou sobre as perspectivas para as exportações agrícolas do Brasil em meio ao anúncio de recessão em vários países. Ele lembrou que na semana passada a China anunciou que retomará as importações de carne de frango do Brasil. ''O mundo continuará comendo'', repetiu. Essas exportações, lembrou, alavancarão os mercados de soja e milho, ingredientes da ração animal. Stephanes avaliou que o abastecimento do mercado interno está garantido, apesar das expectativas de queda na produção agrícola acima do previsto. Ele estimou que a produção pode cair até 5% na safra que já foi plantada e que será colhida no ano que vem. (Gazeta do Povo)

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