CONJUNTURA I: Clima nos EUA sustenta preços
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A safra 2011/12, aberta oficialmente neste mês no Brasil, começa embalada por uma arrancada do mercado internacional de grãos. Nas últimas duas semanas, os preços da soja e do milho subiram, respectivamente, 6% e 8% na Bolsa de Chicago e, apesar de terem registrado pequena queda na quarta-feira (20/07), devem continuar fortalecidos nas próximas semanas. É que a partir de agora a safra norte-americana entra em sua fase decisiva e o clima não anda colaborando com as lavouras.
Preocupação - Depois de enfrentar dificuldades durante o plantio por causa do excesso de chuvas, soja e milho agora sofrem com altas temperaturas nos Estados Unidos. A onda de calor chega exatamente no período mais crítico para a definição da safra norte-americana, o reprodutivo, que se estender até meados de agosto. "Em tempos de estoques apertados, o mercado está mais preocupado com o clima do que nunca. 85% dos grãos produzidos no mundo vêm do Hemisfério Norte e uma quebra de 10% na safra dos EUA poderia facilmente levar a soja US$ 15 ou US$ 16 o bushel em Chicago", afirma Fernando Pimentel, analista da Agrosecurity, ressaltando que por enquanto ainda não há registro de perdas.
Temperatura em alta - Os prognósticos climáticos, contudo, são preocupantes. Alguns modelos meteorológicos indicam que os termômetros podem chegar a 38°C no cinturão de produção de grãos nas próximas semanas. Segundo analistas norte-americanos, um terço das lavouras do Meio-Oeste, região que concentra a maior parte da produção de soja e milho do país, estaria suscetível a perdas climáticas. A situação mais crítica é a do milho, que precisa de temperaturas mais amenas à noite para desenvolver todo o seu potencial produtivo, explica Jack Scoville, analista da Price Futures, de Chicago. "30°C à noite é muito ruim para o cereal. Foi isso que comprometeu o resultado da safra em 1995 e há grandes possibilidades que isso ocorra novamente neste ano", prevê.
Milho - Estudo divulgado pela Universidade de Illinois nesta semana comprova que o desempenho do milho é altamente afetado pelas altas temperaturas nesta época do ano. O levantamento revela que, nos últimos 35 anos, toda vez que os termômetros ultrapassaram a marca dos 25°C no mês de julho (média mensal), o rendimento das lavouras ficou abaixo da média histórica. O que tudo isso significa para o produtor brasileiro? "Significa que a sorte está lançada e que o mercado internacional terá muita volatilidade até setembro, o que pode ser bom para o produtor que estiver ligado e souber aproveitar as oportunidades de venda", explica Pimentel.
Incertezas - Neste momento, incertezas econômicas estão impedindo altas maiores, mas o momento é bom, afirma Steve Cachia, analista da Cerealpar em Malta, na Europa. "Hoje tem reunião dos lideres da zona do Euro e, dependendo do resultado, pode tirar um pouco dessa pressão sobre o mercado. Para o produtor brasileiro, a dica é fazer as contas, calcular seus custos e participar do mercado nos momentos de alta", recomenda.