COMÉRCIO: Rússia quer entrar na OMC, mas com direito a subsídios

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A Rússia insiste em entrar na Organização Mundial do Comércio (OMC) com direito de continuar dando um volume bilionário de subsídios agrícolas, que causa reação dos exportadores agrícolas como o Brasil. Moscou quer aderir com subsídios agrícolas de US$ 9 bilhões e só cortá-los gradualmente pela metade em 2017, quando ficaria em US$ 4,4 bilhões, conforme nova proposta apresentada aos membros da OMC. O montante da ajuda representa 14% do valor bruto de sua produção agrícola, maior do que nos Estados Unidos, onde o percentual fica em 10%. "Os russos exigem facilidades leoninas na agricultura", diz um negociador.

Ajuda - Levantamento da Organização de Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) mostra que, ao mesmo tempo em que negociava sua adesão à OMC, a Rússia continuou aumentando sua ajuda ao setor agrícola: o nível de apoio ao produtor pulou de 5% do valor da produção em 2000 para os 14% em 2006-2008. Cerca de 30% da renda dos produtores de carnes bovina e frango vêm dos subsídios. No caso da produção suína e de açúcar, o percentual chega a 40%. O plano é depender menos das importações do Brasil, EUA e UE.

Condições mais rígidas - Maxim Medevkov, principal negociador russo, disse na imprensa local que as condições para importação de carnes suína, bovina e frango serão "endurecidas", mas acha que isso não será obstáculo para entrar na OMC.

Negação - O grupo de Cairns, que reúne os principais países exportadores, incluindo Brasil, EUA, Argentina, Austrália e o Canadá, nega ter aceito a proposta, como chegou a ser noticiado em Moscou.O que o grupo fez foi pedir ao governo de Medvedev para apresentar detalhes de sua nova proposta, a fim de ser comparada à anterior. Está claro que um acordo dependerá do que a Rússia pagará como contrapartida, como no acesso para carnes brasileiras.

2012 - Prevendo as dificuldades, os russos não falam mais em entrar este ano na entidade e, sim, por volta de 2012. Moscou elevou recentemente os subsídios, alegando que precisa modernizar a agricultura. Diz que seus programas são parecidos com os do Brasil, como reciclagem de dívida agrícola e subsídios para crédito. Nota que as ajudas para produtos específicos diminuíram muito, o que tornaria sua política menos distorciva ao comércio. (Valor Econômico)

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