COMÉRCIO EXTERIOR: Medidas argentinas causam preocupação a exportadores
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As medidas argentinas de restrição à compra de dólar estão sendo vistas com cautela pelos exportadores brasileiros. “O controle da compra de dólares acende uma luz amarela”, diz José Augusto de Castro, vice-presidente da Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB). Castro diz que, “teoricamente”, as medidas de controle de compra de dólares pelos argentinos não devem ter impacto na exportação brasileira para o país vizinho. Ele não acredita que a medida em si prejudique a importação argentina de mercadorias brasileiras porque o contrato de câmbio teria como justificativa os contratos de comércio exterior. A preocupação está no que as recentes medidas argentinas sinalizam.
Reservas cambiais - “Todas as medidas após as eleições mostram que a Argentina está seriamente preocupada com as reservas cambiais”, diz Castro, referindo-se não apenas à medida que obriga todas as transações cambiais a terem autorização da autoridade tributária do país, como também às medidas adotadas quarta-feira, obrigando exportadoras a internalizar receitas de vendas ao exterior. “Isso pode significar a aplicação de mais medidas protecionistas para restringir a importação, além das licenças não automáticas já impostas ao desembaraço de produtos brasileiros”, lembra. Um dos setores mais afetados pela aplicação da licença não automática é o de calçados, que contabiliza 3,5 milhões de pares aguardando liberação para entrar no mercado argentino.
Efeito indireto - Outro efeito para as exportações brasileiras pode vir também indiretamente. As medidas, aponta Castro, podem causar desconfiança entre os argentinos e resultar em queda maior na demanda doméstica do país vizinho. O uso da moeda local nas trocas entre os dois países também pode amenizar o impacto das medidas. As exportações brasileiras para a Argentina com moeda local crescem e totalizaram de janeiro a agosto deste ano R$ 1,06 bilhão, o equivalente a US$ 624,04 milhões. O valor, porém, ainda é pequeno se comparado aos US$ 14,68 bilhões que o Brasil exportou para o vizinho no mesmo período. (Valor Econômico)