COFERCATU: Otaviano espera maior equilíbrio de preços entre açúcar e álcool

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O presidente da Cooperativa Cofercatu, com sede em Porecatu, no Norte do Estado, José Otaviano de Oliveira Ribeiro, chamou a atenção para a disparidade de preços que está ocorrendo no setor sucroalcooleiro durante  visita realizada recentemente ao presidente do Sistema Ocepar, João Paulo Koslovski, em Curitiba. "Nós estamos com um desequilíbrio grande entre o valor praticado no açúcar em comparação com o praticado no álcool. O açúcar está preços muito bons e o álcool com o preço muito ruim. Esperamos que uma hora isso entre em equilíbrio e que a situação melhore", afirmou José Otaviano.

Antieconômico - O presidente da Cofercatu classificou como antieconômico os preços vigentes para o álcool. "Para se ter uma idéia, em números aproximados, para se obter o equivalente com o açúcar, você teria que estar vendendo o álcool a R$ 1,10 e nós estamos vendendo, com imposto, a R$ 0,72",  diz. "Assim, quem tem uma usina açucareira está numa situação bem mais cômoda do que quem tem uma destilaria de álcool. Há usinas com um índice de 80% de açúcar e 20% de álcool, quer dizer, praticamente faz álcool somente com as sobras da indústria de açúcar. No ano passado, esse era um quadro ruim para quem estava nessa situação. Esse ano inverteu tudo", acrescenta.

Produção - A produção de açúcar e álcool da Cofercatu varia conforme a unidade. "Nós estamos trabalhando arduamente no sentido de fazer o máximo de açúcar que a gente consegue. Nominalmente nós temos um mix desfavorável, com 80% de álcool e 20% de açúcar. Nossa meta é ver se conseguimos 5% de ganho na produção de açúcar, quer dizer, fazer 25% e 75%". A cooperativa possui em torno de 860 cooperados e cerca de 100 deles estão envolvidos com setor sucroalcooleiro.

Capital de giro - De acordo com José Otaviano, uma das principais dificuldades enfrentadas atualmente pelas cooperativas é a falta de capital de giro. "Você começa a fabricar e a única solução é vender o produto. Mas o mercado fica totalmente abastecido e, pela lei da oferta e da procura, o preço cai. A saída para evitar isso seria o governo colocar mais recursos à disposição para financiamento dos estoques", defende.

Antecipadamente - Para o presidente da Cofercatu esses recursos deveriam sair antecipadamente e não como ocorre atualmente. "Você tem que fazer o estoque primeiro para depois ir buscar o dinheiro. Mas, se está todo mundo com a corda no pescoço, como é que se faz um estoque? Dessa forma, o pessoal sai desesperado no mercado para vender. É uma situação transitória e temos esperança de que termine ainda esse ano, com preços médios razoáveis em termos de álcool", diz.

Origem - José Otaviano afirma que o mercado internacional não afeta o preço do produto. "O álcool é regido pelo mercado interno. O grande problema é que há um grande oportunismo nesse setor. O álcool baixa de preço, mas isso normalmente não se reflete na bomba. Então, na realidade o que está havendo é que alguém está ganhando muito dinheiro e é quem está no meio, entre o consumidor final e o produtor. Não estamos querendo que o governo venha a nos tutelar. Ele teria que policiar para que isso não acontecesse. Isso está prejudicando demais o setor de produção, sem trazer benefício nenhum ao consumidor. Está ganhando quem faz essa intermediação. É uma transferência de ganhos que pode desestabilizar toda a cadeia", ressalta. 

Safra - Em relação à atual safra de cana-de-açúcar, José Otaviano acredita que será um ano sem grandes oscilações. "A qualidade da cana para o momento é normal. Ela ainda não chegou no ponto ideal de maturação, que ocorre mais a partir de junho, agosto, quando chega a maior riqueza de açúcar. Mas a safra está começando bem melhor, em termos de qualidade, que no ano passado", afirma.  O presidente da Cofercatu diz ainda que deve ocorrer uma pequena quebra na produção em função da seca. Por outro lado, ele explica que a estiagem provoca um efeito positivo na lavoura.  "Muitas vezes, havendo problema de seca, até aumenta a concentração de açúcar. Pra nós da cana, a dependência da chuva ocorre na rebrota da cana para o ano que vem.  Pra cana que vai ser cortada agora, não altera muito se vai chover ou não", diz

Expectativa - A Cofercatu tem a perspectiva de moer uma quantia equivalente à do ano passado, em torno de um milhão quatrocentos e cinqüenta mil toneladas. "A diferença é que no ano passado, devido a uma série de problemas, nós não conseguimos moer toda a cana que nós tínhamos. Nós acabamos ficando com um volume de cana bisada, como chamamos no setor. É uma cana que sobrou do ano passado e ficou dois anos para ser processada. É algo que precisamos sanar esse ano para não acontecer mais pois desequilibra todo o operacional", completa.

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