COCAMAR: Dia de Campo em Maria Helena surpreende por seus resultados

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Foi mais do que os participantes esperavam. O dia de campo sobre integração lavoura, pecuária e floresta promovido terça-feira (18/10) na parte da tarde pela Cocamar Cooperativa Agroindustrial, Instituto Agronômico do Paraná (Iapar), Embrapa e outros parceiros na Fazenda Santa Felicidade em Maria Helena (PR), região de Umuarama, surpreendeu pelo que se viu. Com 150 alqueires, a propriedade é considerada um referencial de sucesso, mantendo produção de soja no verão, pastagem com capim braquiária no inverno, plantio de eucalipto em áreas fracas e produção leiteira.

 

Produtividade - Na última safra de verão, foram obtidas 142 sacas de soja por alqueire e, no inverno, durante três meses, os pastos suportaram 10 cabeças de gado por alqueire, registrando-se um quilo de engorda por cabeça, em média. Ganhos assim não são comuns para a realidade do Noroeste do Paraná. Segundo a própria Cocamar, a média de produtividade das lavouras de soja nos últimos cinco anos, dos cooperados de sua região, ficou em 115 sacas/alqueire. Na safra 2010/11, para quem alcançou esse volume, o custo estimado girou entre 55 e 60 sacas/alqueire. Por sua vez, o cenário típico da pecuária regional aponta para perdas no inverno, com o gado passando fome, o que se viu principalmente neste ano, quando os pastos na maior parte das regiões foram destruídos por geadas.

 

Achar o caminho - “Investimos desde 2000 em integração lavoura e pecuária”, afirmou o proprietário da Fazenda Santa Felicidade, Antonio César Pacheco Formigheri, 47 anos, médico-veterinário. Segundo ele, as terras da propriedade, a exemplo do que se via em praticamente toda a região, estavam degradadas e o retorno era incipiente. Com o acompanhamento técnico da Cocamar, o produtor disse que investiu em experimentações “até achar o caminho”. Ele afirmou que o início foi difícil. “Fazíamos, com dificuldades, apenas uma sucessão de soja e aveia”. A guinada ocorreu a partir de 2005, quando o solo começou a ser coberto com capim braquiária no inverno, garantindo pasto e palha abundante para a safra de verão. A função da palha, de acordo com Formigheri, é proteger o solo da alta temperatura no verão, favorecendo o desenvolvimento da lavoura. A integração consolidou-se com o advento da soja transgênica, “que facilitou o manejo do mato”.

 

Uma máquina - Formigheri disse que a fazenda precisa funcionar “como uma máquina”, em que a “principal engrenagem” é o solo, “a base que requer toda a atenção do produtor”. Além de priorizar a proteção do solo com camada de palha - prática ambiental que evita a erosão, fixa nitrogênio, quebra o ciclo de pragas e recupera a fertilidade natural – o produtor conta que costuma aplicar 650 quilos de adubo por alqueire e um suplemento, em cobertura, de mais 200 quilos de cloreto de potássio. Ainda de olho no enriquecimento do solo, o próximo passo é investir em dois barracões de frango. Ele disse que não pensa no lucro dessa atividade e, sim, no esterco, a chamada “cama”. Cada barracão vai produzir 300 toneladas de “cama de frango” por ano, o suficiente para 10 toneladas em média para cada um de seus 60 alqueires de pasto.

 

Show à parte - Os mais de 200 participantes do dia de campo, entre produtores e técnicos de diversos municípios, além de estudantes de cursos de agrárias, foram surpreendidos pelo alto nível tecnológico da Fazenda Santa Felicidade. Eles presenciaram um “show” à parte, com máquinas fazendo a semeadura da safra 2011/12 de uma maneira que poucos tinham visto: tratores com piloto automático e GPS, que dispensam tratorista, e semeadeiras equipadas com sensores de linha que conferem precisão ao trabalho.

 

Revolução - Participando do evento em Maria Helena, o presidente da Cocamar, Luiz Lourenço, afirmou que a região Noroeste do Paraná tem abundância de terras em condições de sediar projetos semelhantes ao desenvolvido na Fazenda Santa Felicidade. “Contamos com tecnologia apropriada para promover uma revolução de produtividade”, disse Lourenço. Segundo ele, assim como aquela fazenda, há diversas outras em que seus proprietários trabalham com mentalidade empresarial e investem para melhorar cada vez mais os seus ganhos. No entanto, lamenta que grande parte dos pecuaristas e agricultores, e até mesmo técnicos, ainda mantenha-se refratária a inovações e avanços.

 

Construção do conhecimento - O pesquisador do Iapar, Sérgio Alves, disse concordar com Lourenço, lembrando que, não raro, em reuniões das quais participa como palestrante e cujo tema é a integração lavoura, pecuária e floresta, percebe desconfiança por parte de agricultores, muitos dos quais não acreditam.

 

“O processo de construção do conhecimento é demorado e a sua divulgação também”, comentou Alves, ressaltando que o potencial de produção de soja e carne “é muito alto no Noroeste”, mas é preciso fazer bem feito. E conclui: “a região é justamente a que precisa, em todo o Paraná, de mais tecnologia para se desenvolver”.  (Imprensa Cocamar)

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