APASEM: Associação defende reposicionamento da pesquisa

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O presidente da Apasem, o engenheiro agrônomo Marcos Antonio Trintinalha, avaliou como muito positivas as discussões que ocorreram no Ciclo de Palestras, Informação e Análise do Agronegócio, promovido no último dia 10, em Curitiba, no auditório da Ocepar, pelo Núcleo de Agronegócios do jornal Gazeta do Povo, com apoio dos sistemas Faep, Ocepar e Apasem. O ciclo discutiu o tema “O desafio da pesquisa nacional no ambiente competitivo e globalizado” e teve a participação dos presidentes da Embrapa, Pedro Arraes, do Iapar, Florindo Dalberto, da Apasem, Marcos Antonio Trintinalha, e do diretor de pesquisa da Coodetec, Ivo Marcos Carraro.

 

Painel - Após palestra do presidente da Embrapa, Pedro Arraes, houve um painel com os demais participantes, onde o foco foi a análise do setor público e privado de pesquisa de sementes. Em sua palestra, Trintinalha apresentou um breve histórico do surgimento da Apasem, há 40 anos, tendo como um dos principais objetivos a defesa dos interesses dos associados, e defendeu um reposicionamento da pesquisa pública e privada brasileira visando recuperar a participação no mercado de sementes.

 

Perda da participação - O presidente da Apasem enfatizou que “nesses 40 anos assistimos a consolidação da Embrapa, Iapar e Coodetec como respeitáveis instituições de pesquisa. Assistimos também as grandes alterações no perfil destas, ocasionada pelos exíguos recursos investidos nas instituições públicas e pela entrada de empresas multinacionais no setor, detentoras de capital e tecnologias”, afirmou. Essa é, segundo Trintinalha, uma das causas da drástica redução da participação dos materiais dessas instituições na área plantada. Tabela mostrada aos participantes do ciclo mostra que entre 2010 e 2011 a participação das sementes produzidas pelas instituições de pesquisa públicas e privadas brasileiras no mercado caiu de 31,49 % para menos de 19,00%.

 

Empresas transnacionais - Ressalvando a importância das empresas transnacionais, “que trazem tecnologia, investem, geram empregos e recolhem impostos no Brasil”, o presidente da Apasem considera inapropriada a atual concentração do mercado de sementes para um país cuja vocação maior é o agronegócio, “que gerou um superávit de aproximadamente US$400 bilhões na balança comercial brasileira nos últimos 10 anos”. E defende a busca de alternativas para que outras empresas que atuam como parceiras ou licenciadas tenham o seu espaço para investir em pesquisa, gerar novos materiais, comercializar esses materiais e continuar atuando no mercado, atendendo aos seus clientes.

 

Verticalização - “Se é complexo prever as consequências desse quadro para os próximos anos, pior é termos que arcar com as alterações impostas no sistema de comercialização pelas empresas que hoje controlam o mercado e começam a ditar as normas, de certa forma impondo uma ditadura tecnológica e econômica. A verticalização da comercialização de sementes restringe a liberdade dos produtores em troca de um aparente conforto tecnológico e mercadológico. E alguns produtores já se submeteram a essas novas regras, sem avaliar as consequências futuras”, afirmou.

 

Parâmetros - Ainda segundo o presidente da Apasem, a verticalização estabelece parâmetros estreitos de receita do produtor, que arca com todos os riscos de produção”, pois os obtentores definem a quantidade de semente que será multiplicada pelos produtores, o destino e o preço de venda,  restringindo a receita dos produtores. Levantamento feito pela Apasem junto aos associados constatou que alguns obtentores também pressionam para que parte da semente seja tratada com seus produtos, mesmo antes da garantia de venda, o que causa um novo transtorno no caso da semente não ser vendida e exigirá uma destinação ecologicamente correta, de alto custo, ou ainda risco de punições pelos órgãos reguladores e ambientais.

 

Solução nas parcerias - Marcos Antonio Trintinalha defende a busca de alternativas para que outras empresas brasileiras que atuam como parceiras ou licenciadas tenham o seu espaço para investir em pesquisa, gerar novos materiais, comercializar esses materiais e continuar atuando no mercado, atendendo aos seus clientes. “Talvez se encontre uma forma de a Embrapa assumir um papel estratégico, dando suporte a uma rede de pesquisa nacional, realizando parcerias com empresas privadas e públicas, inclusive de outros países, expandindo seu estoque genético e colocando à disposição das instituições de pesquisa. Temos certeza que uma política adequada de governo pode devolver à Embrapa seu papel de líder no desenvolvimento de cultivares das grandes lavouras comerciais, afinal como disse anteriormente, o saldo que geramos na balança comercial nos permite cobrar esta postura”, concluiu. (Assessoria de Imprensa Apasem)

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