ALGODÃO: EUA elevam garantia de crédito para cumprir acordo
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O governo dos Estados Unidos vai aumentar em 14% os prêmios de garantia de crédito à exportação agrícola nos próximos dias, para cumprir um entendimento com o Brasil no contencioso do algodão. A informação foi dada pelos americanos à delegação brasileira que esteve em Washington, na sexta-feira (14/10), na reunião periódica sobre o cumprimento do acordo do algodão. Pelo acordo, o Brasil deixou de retaliar produtos americanos em troca de compromissos, assumidos pelos americanos, de reformar alguns programas de subsídios a seus agricultores.
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Satisfatórias - "As conversas foram satisfatórias e o memorando de entendimento com os americanos vem sendo cumprido de forma adequada", afirmou o embaixador junto à Organização Mundial do Comércio (OMC), Roberto Azevedo, que conduziu as discussões pelo lado brasileiro.
Ajuste gradual - Os EUA pagam anualmente US$ 147 milhões aos cotonicultores brasileiros para compensar os subsídios que continuam a dar aos agricultores. E um dos compromissos é de ajuste gradual nos prêmios de garantia à exportação agrícola. No entanto, o Brasil constatou recentemente que os americanos estavam deixando tudo para mais tarde, depois de ter feito uma primeira revisão, de 10%.
Garantia de crédito - Agora, em plena crise global, os bancos americanos estão exigindo dos exportadores agrícolas que obtenham garantia de crédito do governo para, então, liberar o financiamento, sobretudo para países de risco maior. É por isso que o volume das garantias aumentou e facilitou a tarefa do governo de Barack Obama: aumentar o custo em 14% e cumprir o acordo com o Brasil.
Impacto - O impacto, porém, não é forte sobre o exportador americano, porque o prêmio dessas garantias de crédito continua sendo baixo e, na prática, uma forma de subsídio disfarçado, que ajuda a produção americana a ganhar de outros exportadores no mercado internacional.
Recepção - Em Washington, Azevedo foi recebido com atenção especial no Congresso, sendo recebido tanto pelo presidente do Comitê de Agricultura do Senado, Debbie Stabenow, como pelo presidente do Comitê na Câmara dos Representantes, o republicano Frank Lucas. A conversa foi sobre a Farm Bill, a lei agrícola que vai expirar em setembro. Há muita incerteza sobre como a nova Farm Bill vai ser desenhada e quando, porque tem eleições no ano que vem. Não se sabe o rumo dos programas de subsídios, se serão cortados ou mudados completamente.
Futuro - Mas algumas organizações agrícolas americanas admitem que o futuro de uma "safety net" agrícola deverá conter programa de proteção de renda e seguros para colheita, mas não programas de pagamento direto e contracíclicos. (Valor Econômico)