C.VALE: Sonho realizado após 21 anos na atividade leiteira

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O ano era 1987 e Ângela, de 6 anos, e Eliane, 2, eram duas crianças que passavam a maior parte do dia a brincar na propriedade de apenas 7,5 alqueires em Santo Antônio, pequena comunidade do interior de Palotina. Na inocência da infância, elas sequer imaginavam o tamanho da angústia dos pais Jandir e Maristela Rosso após a perda de duas safras de soja por estiagem e uma de trigo por geadas. "O nosso sonho era dar estudo para as filhas, mas a gente não tinha dinheiro nem para pagar a luz", recorda a mãe. Espremidos entre a frustração das quebras de safra e o desejo de garantir a educação às filhas, o casal tomou uma decisão. Um dia, quando técnicos do Departamento Veterinário da C.Vale apareceram na propriedade e sugeriram que se dedicassem à atividade leiteira com o objetivo de viabilizar a implantação de uma linha de coleta do produto em Santo Antônio, eles decidiram abraçar a causa. "Ou a gente diversificava ou abandonava a lavoura", conta Jandir.

Aumento do plantel - A nova empreitada começou pela compra de quatro novilhas uruguaias, financiadas pela cooperativa, para pagar em leite. A produção das vacas "de raça" começou e algum tempo depois mais algumas novilhas chegaram. As instalações eram improvisadas e a alimentação para o rebanho era escassa por causa da área pequena para pastagens, mas nem por isso o casal desistiu. "Chegamos a tirar 90 litros de leite por dia na mão", diz Maristela. O sacrifício começou a manifestar seus efeitos por meio de fortes dores nos braços, o que levou os produtores a investir na compra de uma ordenhadeira. O aumento do plantel agravou as dificuldades para alimentar o rebanho, mesmo com a produção de silagem. "Chegamos a dar palha de trigo e aveia para não deixar as vacas passarem fome", relata Jandir. A solução para o problema nasceu da solidariedade, maneira informal de colocar o cooperativismo em prática. Os Rosso e alguns vizinhos aproveitaram a renda, ainda pequena do leite, e compraram uma ensiladeira. A silagem e o transporte passaram a ser feitos em conjunto.

Participação em encontros e cursos - Enquanto viam Ângela e Eliane passar de crianças a adolescentes, Jandir e Maristela percebiam que seria preciso fazer mais para dar a faculdade às filhas. Aproveitaram a assistência técnica da C.Vale, participaram de encontros e cursos, e investiram no melhoramento genético do rebanho através da inseminação artificial. "A gente foi se organizando, planejando e os técnicos sempre nos motivaram muito. A gente se espelhou em quem era perseverante, porque se você não persevera, não chega a lugar nenhum", assegura Jandir.

Investimento em estrutura - À medida em que aumentavam a produção de leite e, com ela, a renda, Jandir e Maristela Rosso investiam na atividade. Ao longo dos anos compraram um trator pequeno, carreta, espalhador de uréia, transferidor de leite e resfriador a granel. Para aumentar a oferta de alimentos ao plantel, adquiriram uma máquina para cortar a pastagem e fornecê-la no cocho devido ao tamanho reduzido a propriedade. Com apenas dois alqueires para manter o gado já que outros três são destinados à soja, o casal cultiva milho para silagem no verão e milho ou aveia no inverno. Com isso, a reserva atual de silagem é suficiente para manter os 36 animais do rebanho por dois anos. "O mais importante é aquilo que você põe no cocho. O leite dá trabalho, mas você vê resultado no curto prazo", revela Jandir, informando que a produção atual é de 370 litros/dia. Parte desse resultado ele e a esposa aplicaram, recentemente, na compra de um silo para ração e na troca do carro por um mais novo.

Fidelidade - Em vinte e um anos na atividade, a experiência ensinou aos Rosso a importância da fidelidade à C.Vale. "Se eu disser que a cooperativa atrasou um dia o pagamento do leite em 21 anos estou mentindo", destaca, lembrando que, no passado, enfrentou dificuldades quando entregava a produção a empresas que não garantiam a compra nos momentos de baixos preços.

"Tem que colocar o coração nas mãos" - Com a sensação de vitória por ter conquistado aquilo que se propôs mais de duas décadas atrás, Jandir e Maristela contam orgulhosos que conseguiram dar o estudo superior às filhas. Eliane formou-se em Enfermagem e Ângela, em Informática. Ambas estão começando carreira profissional, mas os pais querem usar parte da renda que obtêm com a venda de mais de 11 mil litros de leite por mês para ajudar uma delas a comprar um carro. Depois vão se dedicar a outro sonho: construir uma casa nova. "Dá pra tirar um bom dinheiro com 16 ou 17 vacas", confidencia Jandir, acrescentando que já pagou as sementes de soja e milho para a safra de verão. Em uma tarde amena de inverno, Maristela serve um bolo de soja ao repórter do Jornal C.Vale enquanto o marido diz, entre um gole e outro de chimarrão, que "o produtor de leite tem seis meses do ano para ganhar dinheiro, três para empatar e outros três em que nem sempre perde, mas mantém o plantel, o que já é uma grande coisa". E Maristela dá a receita: "Você tem que colocar amor naquilo que faz, tem que ter o coração nas mãos." (Imprensa C.Vale)

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