CURSOS TÉCNICOS: Corrida por qualificação leva 230 mil produtores do PR de volta à escola
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Perto de 80% dos produtores rurais do Paraná não têm ensino médio completo. E metade desse grupo deixou o ensino formal logo que começou a ler e a escrever, aprendendo a profissão na prática. O quadro, escancarado pelo último Censo Agropecuário do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), conforme os dados divulgados a partir de 2007, começa a mudar. Os produtores não estão voltando para a ensino regular. Eles recorrem a cursos focados na atividade. É o que mostram os números do Serviço Nacional de Aprendizagem Rural, o Senar, e do Serviço Nacional de Aprendizagem do Cooperativismo, Sescoop.
Procura - A procura pelos cursos do Senar aumentou quase cinco vezes na última década. O número de pessoas qualificadas passou de 21.875 em 2001 para 103.049 em 2011. No Sescoop, os cursos reuniam menos de 1 mil pessoas uma década atrás e, no ano passado, chegaram a 129 mil. Isso significa que uma em cada duas propriedades (são 370 mil no estado) tem algum representante buscando conhecimento e atualização profissional em cursos direcionados. Os cursos lotam salas de aula providenciadas muitas vezes nos próprios sindicatos e cooperativas. Técnicos preparam módulos de 40 horas e percorrem o estado.
Boa gestão - Para o gerente técnico do Senar-PR, Élcio Chagas da Silva, o crescimento deve-se ao interesse maior do agricultor em se preparar para garantir uma boa gestão da propriedade, bem como o aumento da produtividade. Outro fator que ele aponta é a maior participação das mulheres e dos jovens na agropecuária. “Hoje, a mulher e o jovem têm maior interesse na atividade rural e em se preparar para ela, diferente de dez anos atrás.” Do público que participou dos cursos em 2001 pela instituição, 74% eram homens e, 26%, mulheres. Já, no ano passado, o percentual registrado foi de 56% de homens e 44% de mulheres.
Superior - E não são só os produtores que não completaram o ensino regular buscam os cursos técnicos promovidos pelo Senar. Os alunos com ensino superior, que representavam 4,5% em 2001, passaram para 10,2% no ano passado. Por outro lado, perto de 2% se dizem analfabetos. A grande maioria dos cursos exige domínio de leitura. Para ser tratorista, por exemplo, é necessário conhecimento básico de informática.
Perfil - Segundo o engenheiro agrônomo Arfélio Cagnini, instrutor do Senar-PR há 19 anos, o perfil do produtor rural do estado começa a mudar. “Os filhos dos produtores estão estudando até o ensino médio ou até o superior, diferente dos pais”, comenta.
Oferta de pós-graduação cresce três vezes - O Brasil tem registrado crescimento também dos cursos de pós-graduação na área do agronegócio. Segundo dados da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), os programas da área de Ciências Agrárias do país passaram de 184 em 2002 para 586 em 2012 – um crescimento de 218%.
Programas - Esses programas consistem em cursos de mestrado, doutorado e mestrado profissional, distribuídos em todos os estados do país. São Paulo, Minas Gerais, Bahia, Rio de Janeiro, Paraná e Rio Grande do Sul concentram o maior número de cursos.
Produção de alimentos - “Com o crescimento da população mundial projetado para 9 bilhões de pessoas até 2050, a produção de alimentos é a prioridade número um e o Brasil tem uma grande responsabilidade nesse contexto”, comenta o professor Evaristo Marzabal Neves, da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz, da Universidade de São Paulo (Esalq-USP).
Profissionais preparados - Neves acredita que o país tem condições de atender à demanda nacional, mas para isso precisa contar com profissionais preparados. “Nosso objetivo é a excelência e trabalhamos isso com foco na formação do profissional que entenda a produção agrícola de forma integrada: área técnica, social, econômica e ambiental”, ressalta Neves.
Área gerencial - A área gerencial do agronegócio é o foco principal dos cursos. Muitos alunos conseguem começar a pós no Brasil e terminar no exterior, em instituições de países como França, Holanda e Estados Unidos, bem como alguns estabelecimentos da América Latina. (Caminhos do Campo / Gazeta do Povo)