FÓRUM FINANCEIRO: Economias em crescimento amenizam efeitos da crise nos EUA

  • Artigos em destaque na home: Nenhum

A economia mundial está no topo de um ciclo de crescimento e, provavelmente, está iniciando um período de desaceleração amenizado pelas economias em crescimento, lideradas pela China. Nesse contexto, a moeda brasileira manterá uma certa estabilidade, com o dólar devendo fechar este e o próximo ano em R$ 1,90. Esse cenário foi mostrado pelo economista Robson R. Pereira, do Banco Bradesco, em sua palestra Perspectivas Macroeconômicas para 2007 e 2008, no Fórum Financeiro realizado hoje (21/09), pelo Sistema Ocepar e Sescoop-PR.

Gestão de risco - Aberto pelo superintendente Nelson Costa, o fórum teve por objetivo expor a situação atual do processo de renegociação das dívidas do setor agrícola e apresentar fatores relevantes na gestão de risco na concessão de crédito para o cooperativismo paranaense. Ainda pela manhã, o economista Roberto D. Arbes, da Nobex Consultoria, falou sobre instrumentos de gestão de risco de crédito. Segundo ele, toda a operação de crédito implica em risco, mas que podem ser dimensionados com maior segurança através de procedimentos e análises estruturais. "O fator-chave numa decisão de crédito é informação. É preciso conhecer com profundidade o perfil do cliente, saber se há consistência na solicitação de crédito e viabilidade para pagamento. Dessa forma, trabalha-se sob um risco aceitável, com mensuração quantitativa e qualitativa de quem requisita crédito", disse Arbes. No começo da tarde, Edílson Guimarães, secretário de Política Agrícola do Ministério da Agricultura, iniciaria palestra sobre a renegociação das dívidas agrícolas.

Tendências mundiais - "Tudo o que ocorre aqui não está dissociado do que ocorre na economia mundial", afirmou Robson Pereira, ao iniciar sua palestra sobre o tema. Segundo ele, a economia cumpre uma trajetória de crescimento desde 2002 e cresceu 5,6% no ano passado e por isso foi criada expectativa de crescimento similar para esse ano, o que não deverá ser alcançado. Estudos do Bradesco indicam um crescimento médio da economia mundial em 4,5% em 2007, índice que se manterá no próximo ano em razão de uma conjuntura favorecida pela demanda dos países em crescimento.

A crise americana - A recente crise, tornada evidente com os problemas do setor imobiliário dos Estados Unidos, se originou com o crédito farto e juros baixos praticados pelo sistema financeiro, que foi menos exigente na concessão de créditos. O consultor do Bradesco disse ainda que a dinamização da atividade imobiliária norte-americana foi provocada em grande parte por especuladores, que se tornaram inadimplentes diante da não concretização dos lucros imaginados, iniciando uma crise em cadeia.

Influência do petróleo e commodities - O aquecimento da economia, afirma Robson, sempre começa com a prática de juros baixos pelos bancos centrais que buscam solução para as crises periódicas. Isso ocorreu a partir de 2002, puxando o crescimento do consumo, incluindo as commodities agrícolas e o petróleo. Este último, que está num dos preços mais altos de sua história, a US$ 84 o barril, também tem seu preço influenciado pela geopolítica (guerras e conflitos) e pelos desastres naturais na área de produção. Os preços das commodities, observou, alcançaram seu pico máximo no ano passado, mas ainda estão elevados. E se manterão assim enquanto a economia se mantiver aquecida. A China, que deverá ter um crescimento de 12% neste ano, foi mostrada como a locomotiva do crescimento mundial ou, então, freio da crise, pois absorve um grande volume das exportações mundiais. No caso do minério de ferro, essa taxa de crescimento a obriga consumir 44 % da produção mundial.

Busca de ativos mais seguros - Nos momentos de incerteza os investidores fogem para ativos mais seguros embora de resultado financeiro menor, geralmente nos Estados Unidos. E sacam o lucro obtido em países em crescimento - como o Brasil - para pagar prejuízos em economias em crise. "O Brasil não está imune à crise da economia mundial", alertou Robson, reconhecendo, no entanto, que se ocorrer será menor por duas razões principais: primeiro, porque está chegando num momento de decrescimento das taxas de juros; segundo, porque o Brasil está a um passo de obter o "grau de investimentos", que é a recomendação das agências mundiais sobre a segurança nos investimentos. Essa indicação de "grau de investimento" é a condição para que os fundos de previdência privados dos EUA comprem ações de empresas brasileiras.

Impacto na economia doméstica - Embora ninguém tenha certeza do comportamento da economia mundial nos próximos anos, tudo indica que haverá um impacto na economia doméstica (brasileira). A perda de renda no mundo reduz o consumo de bens, reduz os investimentos estrangeiros, cai o preço das commodities e, em conseqüência, reduz-se as exportações. No entanto, Pereira se mostrou otimista em relação ao prognóstico do país em 2008. Resta saber o que acontecerá no mercado de ações num momento de desaceleração de crescimento caso o Brasil alcance a indicação, pelo menos por uma agência, de "grau de investimentos".

Conteúdos Relacionados