Reunião da OMC decepcionou

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A conferência dos ministros de 25 países da Organização Mundial do Comércio (OMC) encerrou-se, ontem, em Montreal, com grandes divergências entre a União Européia (UE) e os EUA no capítulo agrícola. Houve, entretanto, resistência em qualificar o resultado de "fracasso". No final da reunião de três dias, o anfitrião do encontro, o ministro do Comércio Internacional canadense, Pierre Pettigrew, disse que "há muito trabalho a fazer e pouco tempo para isto". A reunião de Cancún, que deveria desbloquear a Rodada de Doha da OMC, acontecerá entre os dias 10 a 14 de setembro. A reunião desta semana deveria resolver os três pontos cruciais da negociação iniciada em Doha, em 2001: subvenções à exportação, subsídios à produção e acesso aos mercados. Os representantes europeus apresentaram uma proposta para reduzir em 60% os subsídios à produção na Europa, mas vários países, a começar pelos EUA, afirmaram que esta cifra não é suficiente.

Culpa dos europeus - O representante do Comércio dos EUA, Robert Zoellick, culpou os países europeus por continuarem "arredios a abrir seus mercados de produtos agrícolas". Disse que se esperava uma decisão da UE em eliminar subsídios à exportação que representam entre US$ 2 bilhões e US$ 5 bilhões. E frisou: "Nós temos US$ 50 milhões e ficaria feliz em eliminá-los se a UE adotasse a mesma decisão". Segundo Zoellick, "os EUA trataram de apresentar propostas audaciosas tanto no capítulo agrícola quanto no de bens porque acreditamos que ao abrir os mercados todos são favorecidos, embora não seja fácil no lado político". Informou que os EUA propuseram a eliminação total de tarifas aduaneiras para facilitar o acesso aos mercados. Com respeito à agricultura "solicitamos a eliminação dos subsídios à exportação, a drástica redução das ajudas internas que eliminará mundialmente US$ 100 bilhões do sistema internacional e uma drástica redução das tarifas para que a mais alta na agricultura seja de 25%".

Críticas e esperança - Os representantes do Canadá, Argentina e Chile mostraram, apesar de decepcionados com os europeu, esperança em resultados positivos nas próximas negociações. O ministro argentino da Economia, Roberto Lavagna, disse que a posição européia "demonstrou uma flexibilidade moderada a respeito dos subsídios internos, mas distante dos objetivos fixados em Doha sobre subvenções para as exportações. Não houve grande progresso para o acesso aos mercados".No outro extremo da polêmica situou-se o ministro da Economia do Japão, Takeo Hiranuma, que acusou de intransigente a postura dos EUA e do grupo Cairns, que reúne países exportadores de produtos agrícolas, entre eles Argentina, Chile, Austrália, Nova Zelândia e Canadá.

Manobra estreita - No tocante à ajuda às exportações, Pascal Lamy (comissário do comércio da UE) afirmou que a UE "está preparada para reduzi-las de forma substancial e eliminá-las em determinadas áreas específicas de interesse dos países em desenvolvimento", embora o comissário da agricultura, Franz Fischler, tenha se negado a dar maiores detalhes. Lamy também se referiu ao acordo sobre medicamentos e se mostrou otimista que antes da reunião de Cancun se possa chegar a um acordo com os EUA "apesar de que a margem de manobra seja muito estreita" e que se não for resolvida "será um mau augúrio para o resto" das negociações no balneário mexicano. De qualquer forma, como europeus e americanos se comprometeram a manterem o diálogo e produzirem um documento sobre acesso a mercados em agricultura em meados de agosto, os negociadores afirmam que houve um pequeno avanço.

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