SUSTENTABILIDADE: Consciência ecológica só da boca para fora

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O velho ditado "faça o que eu di­go, mas não faça o que eu faço" pode ser aplicado sem medo quando o assunto é consumo consciente. Uma pesquisa realizada por alunos dos cursos de Admi­nis­tração e Comunicação Social da Unicuritiba mostra que ainda existe uma distância grande entre o que as pessoas consideram im­­portante e o que elas fazem efetivamente no seu cotidiano.

Exemplos - Por exemplo, 80,1% dos entrevistados consideram importante descartar baterias e pilhas em locais de coleta apropriados, mas apenas 29,8% fazem isso. Tomar banhos curtos é necessário para 85,3% da população, enquanto só 40,9% fazem. Outro caso em que a disparidade é grande diz respeito a levar as próprias sacolas para as compras. Dos entrevistados, 71,3% acham necessário, mas somente 29,3% levam. Em relação às ações, a menor distância entre intenção e prática aparece no item fazer xixi no banho. Nesse caso, 46,8% dos entrevistados acham importante e 43,8% fazem.

Pesquisa - A pesquisa foi feita entre os dias 26 e 31 de maio. Foram ouvidas 648 pessoas com idade entre 20 e 40 anos das classes sociais A1, A2, B1 e B2. O professor Isaak Soa­res, coordenador do trabalho, afirma que a pesquisa tem um nível de confiabilidade de 95%. Se­­gundo ele, o levantamento mostra que a questão do consumo consciente passa, primeiro, por evitar o desperdício. Outro dado importante, aponta o professor, é a constatação de que as mulheres têm atitudes mais conscientes do que os ho­mens. "Posso dizer que há grupos bem distintos na população: 10% a 15% bem conscientes e ou­tros 10% a 15% bem distantes disso."

Atitudes conscientes - O professor Isaak Soares conta que toma atitudes conscientes. Uma delas é levar suas sacolas para o supermercado. Mesmo assim, afirma que se respondesse à pesquisa se daria uma nota entre 6 e 7. Para ele, quanto mais conhecimento a pessoa tem, mais a sua nota diminui porque ela passa a conhecer uma série de ações que poderia adotar. Nordestino, ele ressalta uma preocupação que tem devido a sua origem: não desperdiça água. Soares veio de Fortaleza, no Cea­rá, há nove anos.

Mais lembradas - Os pesquisadores também perguntaram aos entrevistados quais empresas eles lembravam quando o assunto é sustentabilidade. Nas respostas, espontâneas, apareceram mais de cem nomes, conta Soares. A empresa mais lembrada foi O Boticário, com 22,10% de citação, seguida da Natura, com 19,19%. O professor lembra que de cada três pessoas que lembraram dessas empresas, duas eram mulheres. "São justamente aquelas que estão na mídia fazendo campanhas voltadas para a sustentabilidade", diz Soares. Os homens, completa, lembraram mais da Petrobras e dos bancos Real e Bradesco.

Empresas - Em relação às empresas, a pesquisa também apurou se as pessoas deixariam de comprar de uma determinada companhia se soubessem que ela tem alguma atitude inadequada. Soares explica que foram citadas dez ações e entre as quatro que impediriam que as pessoas continuassem comprando estão aquelas que demonstram uma grande preocupação com o que é consumido, com o trabalho infantil e com os animais.

Futuro - "Não há preocupação com o futuro nem com o outro. Tudo gira em torno de reduzir custos e evitar desperdícios", conclui o professor. Isso fica claro na parte da pesquisa em que a pessoa deve completar a seguinte frase: Consumidor consciente é aquele que... Dos 586 que responderam, 161 mencionaram a economia e evitar o desperdício e 105 citaram a preocupação com o planeta e o meio ambiente. Ações éticas, como não comprar produto falso ou roubado, aparecem em apenas duas respostas. (Gazeta do Povo)

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