Vulnerável, Brasil vai à \"guerra do agronegócio\"
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Com um papel crescente nas exportações do agronegócio, o Brasil começa a virar alvo mais constante daquilo que o ministro Roberto Rodrigues (Agricultura) chega a chamar de "terceira guerra mundial" na arena das negociações comerciais. Mas entra nessa disputa com outros países ainda vulnerável em campos como o da infra-estrutura sanitária. Nos últimos 14 anos, as exportações do agronegócio brasileiro têm crescido a uma taxa anual de 6,4%. No caso da soja em grão, com uma média de crescimento de 16,9% ao ano, o Brasil já detém 38,4% de participação mundial.
Esse quadro positivo, porém, foi abalado por recentes imbróglios comerciais do Brasil com exportações de soja e de carne bovina. A partir de abril, a China passou a suspender as importações de soja brasileira sob a alegação de contaminação por fungicida. Os produtores brasileiros interpretaram o episódio como uma pressão chinesa para forçar uma queda dos preços da commodity.
No caso da carne, o surgimento de um foco de aftosa no Pará -região que não é exportadora- foi o estopim para embargos da Rússia e da Argentina. O gesto foi considerado por muitos pecuaristas como um exagero. "O Brasil vinha comendo pelas beiradas. A partir do momento em que nós nos transformamos em um dos maiores exportadores de soja, de carnes e de aves, é claro que a reação contrária é muito grande", afirma José Mário Schreiner, secretário estadual da Agricultura, Pecuária e Abastecimento de Goiás.
O contra-ataque
brasileiro seria o reforço da área sanitária, mas as verbas
minguadas para o setor são um entrave. Para este ano, o orçamento
inicial do governo para esse fim era de R$ 68 milhões, o menor desde
1998, segundo levantamento feito pela Folha. Mesmo com a verba adicional de
R$ 44 milhões liberada anteontem pelo governo, os recursos totais ficarão
abaixo dos R$ 143,6 milhões disponíveis em 2000. "Ainda são
insuficientes", avalia Pedro de Camargo Neto, da Sociedade Rural Brasileira.
Além do surgimento de barreiras sanitárias, o governo brasileiro
ainda tem que lutar pela diminuição de subsídios nos países
ricos e por mais acesso a mercados no âmbito da OMC (Organização
Mundial do Comércio). (Fonte: Folha OnLine)