UNIDADES DE CONSERVAÇÃO: Para deputado audiências melhoram diálogo entre governo e produtores
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O diálogo
entre o governo federal e produtor rurais, em torno da criação
de oito novas unidades de conservação federal no Paraná
e em Santa Catarina, foi retomado graças a duas audiências públicas
realizadas em Brasília na semana passada. A Comissão de Agricultura,
Pecuária, Abastecimento e Desenvolvimento Rural da Câmara dos Deputados
e as comissões de Agricultura e Reforma Agrária e de Meio Ambiente,
Defesa do Consumidor, Fiscalização e Controle do Senado promoveram
a discussão do tema na terça e quarta-feira, ouvindo representantes
do governo e do setor produtivo. Lideranças das áreas que serão
atingidas pela criação das novas unidades participaram dos debates,
que contou ainda com a presença de representantes do Instituto Brasileiro
do Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis (Ibama), Federação
da Agricultura do Estado do Paraná (Faep), Federação das
Indústrias do Estado do Paraná (Fiep), dentre outros.
Cobrança - O deputado federal do Paraná, Eduardo
Sciarra (PFL), que integra a Comissão de Agricultura da Câmara,
cobrou do secretário da Biodiversidade do Ministério do Meio Ambiente,
João Paulo Capobianco, detalhes do processo de criação
de novas unidades de conservação. O deputado defende um levantamento
medindo o impacto socioeconômico da medida. “Com as desapropriações,
haverá perda de renda e de empregos. Precisamos mensurar isso, para que
áreas economicamente produtivas não sejam atingidas”, defendeu
Sciarra.
Preocupação - O deputado diz que o projeto precisa
esclarecer questionamentos básicos, como a indenização
dos proprietários que terão suas áreas desapropriadas.
Os produtores não têm garantias de que terão suas áreas
indenizadas pelo governo federal, apesar de haver previsão de que as
avaliações serão feitas pelo Banco do Brasil. “Essa
preocupação é fundada na história dos parques de
conservação criados nesses dois estados. O Parque Nacional de
São Joaquim, em Santa Catarina, por exemplo, criado em 1964, até
hoje não indenizou os proprietários, muitos deles morando no interior
do parque sem a mínima condição de se mudarem, além
de estarem impossibilitados de receber luz elétrica, pois isso obrigaria
posteamento do lugar e outras coisas que lhes são de difícil obtenção”,
explica.
Entornos - Sciarra critica ainda a exigência de entornos
(que podem chegar a 10 km), constante no projeto do governo federal. “Na
verdade, não há necessidade de entornos. O Parque Nacional do
Iguaçu, modelo de experiência ambiental bem sucedida, funciona
bem sem ter entorno”. O deputado manifestou preocupação
com a gestão das unidades de conservação e lembra do caso
da Floresta Nacional de Irati (Flona-Irati), no Paraná, onde existe grande
plantio de pinus que precisa ser manejado. “Faz-se necessária a
constituição de um conselho consultivo do parque, o que inexplicavelmente
não tem sido feito, criando problemas, inclusive para a sanidade em função
da falta de manejo adequado daquele parque”, destaca. Na opinião
de Sciarra, existem outras alternativas para serem discutidas como a criação
de Reservas Particulares do Patrimônio Natural (RPPN´s), que legitima
as intenções conservacionistas e ao mesmo tempo não atinge
de forma traumática e insensível o direito constitucional da propriedade
privada.
Polêmica - A criação de novas unidades
de conservação virou polêmica no Paraná. Produtores
foram pegos de surpresa com o anúncio do governo federal. Em maio, fizeram
protesto em Curitiba na busca de apoio junto à opinião pública
e lideranças políticas. O Tribunal Regional Federal da 4ª
Região suspendeu recentemente a criação de três das
cinco unidades previstas para o Paraná. As novas unidades de conservação,
pelo projeto do governo, serão criadas na região de Ponta Grossa,
Castro Carambeí, Imbituva, Teixeira Soares, Ipiranga e Palmeira. Os municípios
perderão uma área de 69.525 hectares. Pretende-se também
criar outras unidades nos municípios de Tuneiras do Oeste, Cianorte,
Palmas e General Carneiro, onde o governo federal pretende indisponibilizar
mais 27.445 hectares de terras produtivas do Estado. (Assessoria Parlamentar)