TRITICULTURA: Invasão da farinha argentina preocupa moinhos
Representantes da cadeia produtiva do trigo reuniram-se na quarta-feira (26/03) na sede do Sistema Ocepar, em Curitiba, para discutir medidas que possam compensar a perda de competitividade e rentabilidade resultante da importação de farinha da Argentina. Segundo a Abitrigo (Associação Brasileira da Indústria do Trigo), em 2005 o Brasil importou 28 mil toneladas de farinha do país vizinho. No ano passado, as importações saltaram para 625 mil toneladas, uma elevação de 2.100%, enquanto a produção dos moinhos brasileiros em 2007 teve uma queda de 7%. De acordo com a Abitrigo, a solução seria o governo brasileiro estabelecer um imposto sobre a farinha de trigo importada. A Argentina estipula imposto de 27,2% sobre o trigo em grão e de 17% sobre a farinha, uma política que estimula a venda do produto com maior valor agregado. Dessa forma, afirmam os representantes dos moinhos, o setor no Brasil vem sofrendo prejuízos constantes, com indústrias fechando e outras se transformando em revendedoras de farinha argentina.
Apoio do setor produtivo - A Abitrigo quer o apoio do setor produtivo e alega que os reflexos dos preços baixos do produto argentino causam perda de rentabilidade para toda a cadeia do trigo e poderão afetar a lucratividade dos agricultores na próxima safra. A indústria defende a mobilização da cadeia produtiva do trigo para pressionar o governo reivindicando alíquota compensatória, a exemplo do que fez o Chile, que taxou a farinha argentina em 34%.
Reivindicações já foram encaminhadas - A Ocepar e as cooperativas estão preocupadas com os problemas que afetam a triticultura nacional e já encaminharam reivindicações e sugestões ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), que está formulando um protocolo de medidas para impulsionar o setor e diminuir a necessidade de importação. "A tarifa compensatória é um dos pleitos defendidos pelas cooperativas e encaminhados ao Mapa", afirmou o superintendente adjunto da Ocepar, Nelson Costa, que participou da reunião.
Mudanças nas alíquotas - Segundo ele, a proposta da Abitrigo de intensificar a pressão por mudanças nas alíquotas será comunicada a todas as cooperativas do Paraná. Com relação ao setor produtivo, Costa reafirmou o posicionamento da Ocepar, de garantia de renda e segurança ao produtor. "O resultado será a ampliação da produção brasileira de trigo", concluiu. Participaram da reunião representantes da Ocepar, Fecoagro (Federação das Cooperativas Agropecuárias), Faep (Federação da Agricultura do Estado do Paraná), Seab (Secretaria da Agricultura e do Abastecimento do Paraná) e Abitrigo.