TRIGO: SITUAÇÃO NA ARGENTINA AFETARÁ MERCADO NO BRASIL

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A desvalorização do peso argentino, num percentual que poderá chegar a 30 ou 40%, poderá causar redução do preço do trigo, mesmo em dólares, o que não será bom para os produtores brasileiros. Esta é a avaliação de Nelson Costa, engenheiro agrônomo chefe da Gerencia Técnica e Econômica da Ocepar. ?Como os produtores e exportadores argentinos terão maior receita em peso com a desvalorização e a comercialização do trigo naquele país está atrasada (cerca de um mês), aliada a falta de dinheiro, é possível que, ao ser anunciada a desvalorização, haja pressão de venda e, como conseqüência, os preços caiam?, afirma. A atual safra argentina de trigo deverá chegar a 16,5 milhões de toneladas, das quais o Brasil deverá comprar cerca de 7,0 milhões de toneladas. ?O consumo interno na Argentina deverá chegar a 5,0 milhões de toneladas e 4,0 milhões de toneladas já foram vendidas para outros países, garantindo um equilíbrio entre a oferta e a demanda?, destaca Nelson.

Produção e consumo brasileiro de trigo - A produção da última safra brasileira foi de 2.971,9 mil toneladas, das quais ainda restam a ser comercializadas cerca de 25% no Paraná e 40% no Rio Grande do Sul. Nos demais estados a produção já foi absorvida pelos moinhos regionais. O consumo de trigo no Brasil para 2002 deverá chegar a 9,5 milhões de toneladas, incluindo a farinha importada. Para Nelson Costa, esse consumo poderá inclusive ser superior se houver um crescimento maior da atividade econômica.

Mercado ? Segundo levantamentos feitos pela Ocepar, o preço do trigo nacional na zona produtora está entre R$ 300,00 e R$ 310,00 a tonelada, para trigo de qualidade, base Londrina. Este mesmo produto, posto em São Paulo chega a R$ 370,00 a tonelada. O trigo argentino está cotado a US$ 114/tonelada, mais US$ 22 de despesas para trazer até Santos e US$ 10 para levar até o moinho, um total de US$ 146, ou seja, R$ 335,00 a tonelada. ?Decompondo esse preço para Londrina ? frete mais ICMS, chegamos a um valor de R$ 285,00 a tonelada, ou seja, o preço do produto nacional está superior à paridade com o trigo argentino?, afirma Nelson Costa. Para Nelson Costa, ?diante de um quadro de oferta e demanda do trigo argentino bem ajustada, enquanto a demanda do mercado nacional está relativamente aquecida, mesmo com uma desvalorização do peso da ordem de 30 a 40%, não se acredita que o preço no mercado interno venha a ter baixa em relação o que está sendo praticado atualmente.

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