TRIGO: Fórum reúne lideranças e técnicos em Curitiba
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Cerca de 140 profissionais da área comercial que atuam na cadeia produtiva do trigo, entidades de representação, profissionais das cooperativas e indústrias, produtores rurais e governo estadual e federal participaram nesta segunda-feira (19), no auditório da Emater-PR, em Curitiba, do Fórum do Trigo promovido pela Secretaria de Agricultura, Ocepar e Faep. Durante o encontro foram debatidas com o diretor do departamento de comercialização e abastecimento da secretaria de política agrícola do Mapa, José Maria dos Anjos, políticas para a comercialização e o escoamento da produção de trigo da safra 2005. O representante do ministério fez uma apresentação sobre o Contrato de Opção de Venda Privado (Prop) e também sobre mecanismos para apoiar a comercialização de trigo no País, nos últimos anos, como AGF, EGF, Contrato de Opção (público), financiamentos de custeio entre outros. Segundo José Maria, até sexta-feira (23) o Mapa terá resposta dos ministérios da Fazenda e Planejamento sobre a liberação ou não ao Mapa, de uma dotação orçamentária de mais R$ 600 milhões para viabilização do lançamento de contratos de opção e EGF/LEC, AGF e PEP.
Cabotagem - Um dos temas abordados durante as falas do diretor da Ocepar, Frans Borg e do presidente da Faep, Ágide Meneguette, foi sobre a necessidade de mudanças nos entraves da legislação sobre a cabotagem, permitindo que navios de bandeiras estrangeiras possam realizar este serviço, com o objetivo de aumentar a oferta de navios e reduzir os custos do frete. José Maria dos Anjos informou que foi criado, no âmbito de governo, um grupo de trabalho com representantes do ministério da Agricultura, do Transporte e setor produtivo para flexibilizar a legislação vigente sobre a questão da cabotagem, para que sejam disponibilizados navios para transporte de trigo até as regiões Norte e Nordeste. O presidente da Faep foi enfático ao afirmar que, - protegida por uma lei que não é do interesse do país - a não ser a de uns poucos armadores - a navegação de cabotagem é um entrave e não um estímulo ao comercio de produtos agropecuários do sul do país para o norte e nordeste. Desta forma, sai mais barato para o Norte e Nordeste importar trigo ou milho ou qualquer outro produto a granel da Argentina e dos Estados Unidos, do que comprar de produtores do Rio Grande do Sul, Santa Catarina ou Paraná. O frete de Paranaguá a Recife, por exemplo, é quase o dobro do frete de uma carga de trigo saindo de Rosário na Argentina, para o mesmo destino, frisou Ágide.
Desestimulo - Por sua vez, o diretor da Ocepar, Frans Borg lembrou a todos os presentes que a entidade em parceria com a Faep, vem alertando o governo federal desde o início da safra para que sejam tomadas medidas urgentes para auxiliar na comercialização da safra evitando assim um desestímulo. Frans Borg lembrou, que cumprindo metas pré-estabelecidas em comum acordo com o governo, para recuperação da triticultura nacional, que era de produzir 60% da demanda nacional, os produtores investiram e tecnologia e conduziram sua lavoura com eficiência, tendo o clima contribuído e estão fazendo sua parte e dando ao País uma excelente safra, que poderá chegar neste ano em 4,8 milhões de toneladas de trigo colhidos. O Paraná é o maior produtor nacional de trigo e deverá nesta safra colher, 2,9 milhões. No ano passado, o Estado colheu 3,1 milhões de toneladas do produto. Ou seja, os produtores paranaenses foram os responsáveis por 53% da produção brasileira de trigo, que chegou a 5,8 milhões de toneladas. "Por isso, o momento é de unir forças e superar obstáculos que prejudicam a atividade", disse o representante da Ocepar.
Desabafo - O presidente da Faep, Ágide Meneguette fez um desabafo dizendo que os produtores paranaenses caíram em uma "armadilha". Para ele, "de um lado, o governo os incentiva a plantar, de outro não adota políticas que os defenda. A crise na comercialização do trigo vem da safra passada, da qual ainda resta um saldo de quase 1 milhão de toneladas, o maior saldo de passagem já registrado. Uma nova safra está começando a ser colhida e os problemas do ano passado devem se repetir. Os produtores vão encontrar dificuldades em vender seu trigo porque os preços das importações estão baixos, principalmente em razão da política cambial passiva adotada pelo Governo Federal", frisou. O deputado estadual Augustinho Zucchi, que participou da abertura do Fórum fez uma apelo para que o governo federal responda de uma vez por todas se "quer ou não que os produtores produzam trigo no País?". Segundo o parlamentar, não é de agora que se ouve os reclamos dos triticultores. "Para o produtor é melhor receber o preço mínimo do que nada, nem isso estão conseguindo. Hoje o valor pago, R$ 19,00 a saca, está abaixo do preço mínimo, R$ 24,00 o que é inadmissível. O governo precisa entender que os produtores não tem muita opção de cultura de inverno e plantar trigo é uma forma de resolver o seu problema e também do País, que precisa do cereal. Trigo é uma questão de segurança nacional", alertou Zucchi, Ainda nesta semana deverá ser divulgado pelas organizadoras do Fórum um documento final sobre o evento.
Presenças - Além do representante do Mapa, José Maria dos Anjos, de Frans Borg, da Ocepar, Ágide Meneguette, da Faep, do deputado Augustinho Zucchi, também participaram da abertura deste Fórum, o diretor-geral da Seab, Newton Pohl Ribas, que representou o Secretário, Orlando Pessuti que encerrou o evento no final da tarde, o presidente da Fecoagro-RS e da Câmara Setorial de Culturas de Inverno, Rui Polidoro, o presidente do Sinditrigo, Roland Guth, diretor da Ocesc, Cléber Renato Dias, diretor técnico da Emater-PR, Celso Daniel Seratto, o superintendente do Banco do Brasil, Edmar Mombach e a superintendente de operações da Conab, Mônica Avelar Atunes Netto que realizou palestra no evento.