Três décadas de pesquisa cooperativa no Paraná
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As primeiras iniciativas para que o sistema cooperativista realizasse um trabalho voltado para o desenvolvimento de pesquisas no setor agropecuário, aconteceu no mesmo ano de fundação da Ocepar, em 1971, quando no dia 17 de dezembro, em assembléia geral, 19 cooperativas filiadas decidiram pela criação de um fundo com este objetivo. No ano seguinte, mais precisamente no dia 31 de maio de 1972, o então presidente da Ocepar, Guntolf van Kaick assinou convênio com o Ipeame (hoje Embrapa), onde a organização contribuiria com cento e setenta mil cruzeiros para subsidiar os trabalhos de pesquisa em trigo no Paraná, em parceria com as cooperativas.
Contratações - Passados dois anos do convênio com o Ipeame o sistema decidiu investir numa estrutura própria de pesquisa. O primeiro passo foi dado há exatos 30 anos, no dia 1º de abril de 1974, quando foram contratos os dois primeiros engenheiros agrônomos, Wilson Pan e Francisco Teresawa, para o desempenho de trabalhos de experimentação e pesquisa em uma área localizada no município de Cambé e com escritório em Londrina. No ano seguinte, 1975 foi adquirida pela Ocepar uma área no município de Cascavel e mais tarde em Palotina.
Coodetec - No dia 19 de abril de 1995, por decisão das cooperativas paranaenses, em assembléia na sede da Ocepar, o Centro de Pesquisa deixou de ser um departamento e passou a ter personalidade jurídica própria com a criação da Coodetec - Cooperativa Central Agropecuária de Desenvolvimento Tecnológico e Econômico e que deu prosseguimento às metas traçadas pelos pioneiros, ou seja, desenvolver tecnologia própria para o aumento da produtividade, maior segurança e rentabilidade aos produtores associados em cooperativas paranaenses, mediante a oferta de sementes adaptadas aos locais de produção.
Visão de futuro - Hoje, passados exatos 30 anos da contratação dos primeiros pesquisadores, o presidente da Coodetec, Irineu da Costa Rodrigues, lembra que foi uma decisão estratégica muito importante o fato dos dirigentes das cooperativas e da Ocepar terem constituído o primeiro fundo e depois a compra de uma área especifica. "Hoje temos uma entidade respeitada não só dentro do Brasil como lá fora. Temos 37 cooperativas filiadas que representam cerca de 132 mil agricultores e mais de 300 funcionários. Na época foi uma sábia decisão, pois as cooperativas tinham muita carência em pesquisa no Paraná. Graças a esta visão de futuro dos dirigentes da época, podemos ver que após 30 anos as conquistas foram muitas. No cenário dos últimos cinco anos, percebemos que muitas empresas multinacionais ligadas ao setor de agroquímicos compraram empresas privadas que realizavam algum tipo de pesquisa. Também vemos que as empresas públicas, muitas vezes passam por deficiências financeiras. Por isso podemos dizer com orgulho que nós, do sistema cooperativista paranaense temos a nossa empresa de pesquisa, voltada para o desenvolvimento da agricultura do estado e do Brasil", destaca.
Participação - Irineo lembra que é de fundamental importância para que esta pesquisa privada do setor cooperativista prossiga de forma segura e duradoura, que haja uma participação um comprometimento dos produtores cooperados. "Quando ele compra um serviço da Coodetec, seja uma semente ou mesmo o baculovírus, faz uma análise de solo com a entidade, ele não está gastando dinheiro e sim investindo numa cooperativa que é sua. Este é um apelo que sempre fazemos tanto aos produtores como as próprias lideranças que ao utilizarem seus serviços ele está se auto-ajudando, pois a Coodetec nada mais é do que uma extensão da sua propriedade", lembra Irineo.
Desafios
- Para o líder cooperativista a principal meta da Coodetec é dar
continuidade ao bom trabalho até então realizado e buscar novos
nichos de mercado. "Podemos dizer que neste momento em que se fala tanto
em transgênicos a Coodetec já tem variedades prontas. Mas também
lembramos que temos um banco de germoplasma da soja convencional, o qual jamais
iremos perder com a entrada da transgenia. Também estamos desenvolvendo
variedades de soja com mais proteínas e adaptadas para o consumo humano.
Nosso País é muito grande e acreditamos que há espaço
tanto para soja transgênica como também para a convencional, orgânica
ou qualquer outra nova técnica", lembra Irineo.