Transgênicos
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Importância comercial - Fala-se muito em animais e vegetais transgênicos que têm importância comercial, mas, analisando as coisas de uma maneira objetiva, no momento estão sobretudo em foco apenas algumas plantas de interesse envolvendo a inserção de genes selecionados por engenharia genética: soja, milho, canola e algodão. Essencialmente dois genes foram introduzidos: um que faz tais plantas produzirem um inseticida originário de bactérias, sem nenhum efeito em mamíferos, e outro que induz resistência a herbicidas, permitindo o cultivo e o uso de substâncias que agirão seletivamente contra as pragas. Nenhum animal transgênico está sendo criado comercialmente, por ora. Vamos ser francos: perto dos milênios de anos em que o homem, sem saber exatamente como, andou fazendo engenharia genética por seleção de traços que desejou favorecer em animais e plantas, isso não é nada.. Só para dar uma idéia, o milho hoje cultivado é inviável se não for manipulado pelo homem - ele simplesmente não consegue se reproduzir; o trigo é um híbrido artificial de pelo menos três plantas diferentes; e, por menos que se possa acreditar, do lobo saíram tanto o chihuahua como o rottweiler, o poodle, o fila brasileiro, o doberman, o galgo e o sharpei.
Mais transgênicos, menos pesticidas - Por que esse medo dos transgênicos quanto à saúde humana? Afinal, o gene que leva inseticida permite que se evitem muitos outros aplicados nas mesmas plantas, o que provavelmente tem maior impacto na saúde humana. E a resistência genética a herbicidas também permite que se empreguem menores quantidades no campo -isso diminuiria a exposição humana aos ditos.Também consideramos complicado dizer que são necessárias mais experiências para provar que os transgênicos não fazem mal, pois a prova negativa em biologia é praticamente impossível. Não queremos destacar que estes não devam ser estudados com muito carinho antes de serem soltos por aí; mais do que isso, todo produto de tal natureza requer rotulagem, para que o consumidor saiba o que está comendo, tendo inclusive o direito de não comprá-lo se assim por bem achar, impondo-se, porém, a conveniência de conhecer o assunto.
O risco maior, o imperialismo - Riscos potenciais existem. Por exemplo, são conhecidas muitas pessoas com alergias graves ao amendoim e à castanha-do-pará, e, se um gene dessas plantas estiver enfiado em outra, poderá ocorrer reação alérgica severa - por isso a rotulação adequada é essencial. Há os que interpretam os transgênicos como, potencialmente, instrumentos do imperialismo econômico, já que só firmas multinacionais teriam as sementes modificadas e as imporiam a todo o mundo. Lamentamos dizer que esse imperialismo é muito antigo -a maior parte do milho comercializado vem de sementes patenteadas em mãos de poucas empresas. Por outro lado, nações como a nossa, capazes de produzir pesquisa em área genômica, teriam agora a possibilidade de confrontar essa situação com a produção local de sementes talvez competitivas como as acima citadas.
Para enfrentar a fome Situação dramática, em muitas regiões em desenvolvimento, é a existência da fome, e melhores vegetais ou animais podem ajudar a atenuá-la, por meio da diminuição de preço e aprimoramento da qualidade de alimentos. Não é o que ocorre na Europa, porque alguns fazendeiros conseguem até ganhar para não produzir e para, provavelmente, arrumar um tempinho a fim de apoiar passeatas contra os transgênicos. Riscos à saúde humana poderão existir, mas a fome é um mal conhecido, prevalente de fato, e não na imaginação, com chance de ser atenuado com mais esse recurso. Quanto à nossa específica atividade profissional, a infectologia, não tivemos ciência de distúrbios atribuíveis a transgênicos. Nesse contexto, porém, quiçá advenham contratempos. Aguardamos e, a respeito, relatamos uma opinião: alimentos modificados para engordar rapidamente porcos e galinhas provocariam alterações em microorganismos que teriam relação com gripes suínas e aviárias que chegaram ao Ocidente.