Suspensas negociações entre a UE e o Mercosul
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Diante da falta de uma proposta agrícola européia convincente, o Mercosul decidiu na manhã de ontem suspender as negociações políticas com a União Européia que estavam previstas para terminar na próxima sexta-feira. O motivo da suspensão é a condição que os europeus impuseram para liberalizar o seu mercado agrícola. As negociações técnicas, porém, serão mantidas, mas o chefe da delegação brasileira, Regis Arslanian, voltaria ainda ontem ao Brasil. Até agora, a UE propunha oferecer certas cotas para os produtos agrícolas do Mercosul. As cotas, porém, seriam divididas em duas fases. Na primeira, se daria 50% do total das cotas de importações oferecidas para carnes, etanol e outros produtos. O volume de abertura da segunda fase, porém, somente seria decidido dependendo do que os europeus forem obrigados a abrir pelos acordos da Organização Mundial do Comércio (OMC) para o resto da comunidade internacional. Quanto mais forem obrigados a ceder na OMC, menos os europeus dariam para o Mercosul. Há poucas semanas, porém, o Brasil deixou claro que não aceitaria essa fórmula, já que o ganho para o país não estaria garantido.
Carnes
- Como resposta às criticas, os europeus apresentaram ontem sua segunda
oferta. Em vez de oferecer 50% na primeira fase, passaram a oferecer 60% das
cotas. O problema é que condicionaram isso a um parcelamento das cotas
em dez anos, o que de fato daria pouca abertura por ano ao Brasil. No caso de
carnes, por exemplo, a cota total de 100 mil toneladas oferecidas seria divida
em 60 mil toneladas nos primeiros dez anos. Para o Brasil, isso significaria
que a cota para exportar carne seria de apenas 2,3 mil toneladas no primeiro
ano. Hoje, o país exporta cerca de 290 mil toneladas por ano, mesmo pagando
uma taxa de 150%. “Isso seria uma redução da oferta, e não
uma melhora”, afirmou Arslanian, que não deixou de alertar que
fazer uma proposta como essa neste momento poderia ser delicado. Para o principal
negociador europeu, Karl Falkenberg, o Mercosul já sabia que a cota seria
parcelada em dez anos, mas reconheceu que os prazos poderiam ser negociados.
“O Mercosul está dizendo que está descobrindo isso hoje.
Mas já dissemos em março em Buenos Aires”, afirmou o negociador.
(Fonte: Gazeta do Povo)