Supersafra derruba preço da mandioca

  • Artigos em destaque na home: Nenhum

A cadeia produtiva da mandioca, que envolve plantadores da raiz, farinheiras e indústrias de amido, está batendo à porta do governo federal para resolver os problemas causados pela supersafra do produto. O segmento pede que a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) compre parte dos estoques para garantir o custo de produção, estimado em R$ 120 a tonelada de raiz. O mercado paga atualmente, no máximo, R$ 85 a tonelada. O Paraná é o terceiro produtor brasileiro de mandioca, atrás de Pará e Bahia, e detém quase 70% da produção de fécula – o amido processado, matéria-prima para vários setores industriais. Neste ano, o estado poderá colher até 4 milhões de toneladas de raiz, volume 35% superior ao de 2004. A área plantada cresceu quase 36%, de 151 mil para 205 mil hectares.

Bons preços na última safra - A supersafra é resultante do excelente preço obtido na última safra, quando a tonelada da raiz atingiu R$ 360. Animados, produtores tradicionais ampliaram a área plantada e até gente sem experiência com a cultura entrou no ramo. A conseqüência deverá ser uma produção nacional de 26,1 milhões de toneladas, volume 8,5% superior à 24 milhões de toneladas da safra passada. Com o excesso de produção em todas as regiões do país, as indústrias paranaenses não conseguem vender farinha para outros estados. Já as fecularias enfrentam dificuldades para exportar o amido devido à valorização do real frente ao dólar.

Abam
- Em anos anteriores, as indústrias exportaram até 50 mil toneladas de fécula. As 85 fecularias brasileiras, das quais 50 estão no Paraná, têm capacidade instalada para fabricar até 1,5 milhão de toneladas anuais do produto. Segundo Ricardo Bandeira Villela, presidente da Associação Brasileira dos Produtores de Amido de Mandioca (Abam), embora o preço do quilo de fécula permaneça estável no mercado interno, em R$ 0,44, as indústrias estão reduzindo a moagem e evitando formar estoques. A fécula de mandioca é amplamente usada na indústria – alimentos, papel, metalurgia, produtos farmacêuticos e plásticos, e até na perfuração de poços de petróleo. De acordo com o presidente da Abam, um grupo de empresas se juntou para exportar 20 mil toneladas de fécula para Estados Unidos e União Européia, beneficiando-se dos créditos de ICMS, PIS e Cofins concedidos pelo governo federal.

Reivindicações - No plano interno, o setor cobra da Conab o lançamento de mecanismos de compra da fécula e mais subsídios aos produtores de raiz. Para reduzir os estoques de fécula, a Abam reivindica Prêmios de Escoamento de Produto (PEP), e Aquisições do Governo Federal (AGF). Para beneficiar os produtores, o setor pede a intensificação do lançamento de Contratos Privados de Opção, com a elevação do prêmio para R$ 40 a tonelada, cobrindo o custo de produção. Nos contratos já realizados, a Conab vem pagando prêmio de R$ 15 a tonelada. A superintendência da Conab no Paraná informou que pediu ao Ministério da Fazenda a liberação de R$ 6 milhões para a compra de 13,6 mil toneladas de fécula, por meio de AGF. O pedido ainda não obteve resposta. (Gazeta do Povo).

Conteúdos Relacionados