SUCROALCOOLEIRO: Comércio de açúcar nas mãos do Brasil
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Relegado a segundo plano nos últimos quatro anos por conta do boom de investimentos em etanol, o açúcar volta a ser a grande aposta do setor sucroalcooleiro para a safra 2009/10. A participação do Brasil nas exportações de açúcar deverá saltar dos atuais 42,35% no ciclo 2008/09 para 50% do mercado na nova safra, segundo a Datagro.
Curto prazo - Como o horizonte para o álcool combustível não está nada animador no curto prazo, com preços em queda mesmo durante a entressafra, as usinas do Centro-Sul deverão aumentar a produção de açúcar de olho no mercado internacional, uma vez que a Índia, segundo maior produtor e maior consumidor mundial, deverá elevar suas importações nos próximos meses. Enquanto os preços do álcool hidratado amargam queda de 13,2% desde o início do ano, as cotações do açúcar no mercado interno acumulam valorização de 48,7%, segundo levantamento do Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada).
Próxima safra - O mix de produção das usinas do Centro-sul na próxima safra está estimado em 56,5% para o etanol e 43,5% para o açúcar. No ciclo atual, que se encerra neste mês, ficou em 59,1% para o álcool e 40,9% para o açúcar, afirmou Guilherme Nastari, da Datagro. Segundo Nastari, a lacuna deixada pelo álcool será ocupada pelo açúcar, voltado para o exterior.
Exportações - Segundo Paulo Roberto de Souza, diretor comercial e logística da Copersucar, a participação do Brasil nas exportações globais de açúcar deverão atingir até 60% em 2020, considerando um crescimento mundial de 2% ao ano da produção da commodity. "A Índia vai deixar de exportar 5 milhões de toneladas no mercado e o Brasil está abocanhando o espaço deixado pela União Europeia por conta da reforma açucareira feita pelo bloco", disse. Souza participou ontem da 5ª Conferência Internacional promovida pela consultoria alemã F.O. Licht.
Retrocesso - Nos últimos anos, o Brasil elevou suas exportações de álcool combustível. Mas, nessa próxima safra, deverá sofrer um retrocesso por conta do desaquecimento da demanda global pelo combustível. Para Francisco Vassellucci, diretor da Adeco Agro, o horizonte no curto prazo para o álcool ainda não é animador. O recuo dos preços do petróleo e da gasolina tirou a competitividade do etanol. Segundo Christoph Berg, diretor da F.O. Licht, os preços do açúcar em Nova York deverão se manter nos patamares de 13,5 centavos de dólar por libra-peso nos próximos meses, mas podem alcançar até 16 centavos, dependendo do movimento da Índia no mercado.
Recuo - Os embarques de álcool deverão recuar dos 5,05 bilhões de litros em 2008/09, para algo em torno de 3,75 bilhões em 2009/10; enquanto as exportações de açúcar deverão saltar dos 19,53 milhões de toneladas para 23,4 milhões de toneladas no mesmo período, segundo a Datagro. Tarcilo Rodrigues, presidente da trading Bioagência, concorda que o açúcar será a "salvação da lavoura" na próxima safra, mas lembra que o álcool deverá recuperar logo a competitividade. "Os preços do petróleo recuaram, mas voltaram a subir rapidamente."
Petróleo - Nesta terça-feira (24/03), o barril do petróleo WTI fechou a US$ 55,63 (segunda posição), com alta acumulada de 14,4% desde o início do ano. segundo levantamento do Valor Data. O barril atingiu sua alta histórica em 3 de julho do ano passado, de US$ 145,86. Mas chegou a sua cotação mínima em 18 de fevereiro, em US$ 37,41. (Valor Econômico)