SISTEMA FIEP: Carlos Valter: muitos desafios e aprendizados nos quatro anos de gestão

  • Artigos em destaque na home: Nenhum

Após quatro anos à frente da presidência do Sistema Fiep, Carlos Valter Martins Pedro encerrou seu mandato na última sexta-feira (29/09) e será substituído por Edson Vasconcelos, que assume como novo presidente para o quadriênio 2023/2027. A posse oficial acontecerá no dia 23 de outubro.

Parceria - Na semana passada, antes de deixar o cargo, Carlos Valter fez uma visita oficial ao presidente do Sistema Ocepar, José Roberto Ricken, quando aproveitou para agradecer por todo apoio e parcerias realizadas ao longo desses quatro anos. Na ocasião, ele concedeu uma entrevista exclusiva ao Informe Paraná Cooperativo, quando fez um balanço sobre sua gestão e dos aprendizados. Lembrou que boa parte de sua gestão, teve de enfrentar o período da pandemia da Covid-19. “Sem dúvida, a pandemia causou muito impacto e foi um grande desafio”, destacou. Leia a seguir a entrevista na íntegra.

1. Qual avaliação o senhor faz desses quatro anos de mandato frente ao Sistema Fiep?

Carlos Valter - Foi um período extremamente desafiador e de muito aprendizado. Há mais de 30 anos participo da diretoria da Fiep, mas só quando você se senta na cadeira de presidente é que conhece de fato todos os pormenores de uma entidade tão grande, complexa e relevante como a nossa. Mesmo com todas as dificuldades, especialmente pelas restrições trazidas pela pandemia, conseguimos implantar muitas ações para que os serviços e projetos das instituições que compõem o Sistema Fiep – Senai, Sesi, IEL e Fiep – tivessem foco nas reais necessidades da indústria, que é quem sustenta toda essa estrutura. Alcançamos ótimos resultados com as estratégias que adotamos e saio com a sensação de dever cumprido.

2. Desses quatro anos de mandato, praticamente três, sua gestão enfrentou o período da pandemia da Covid-19, como avalia?

Carlos Valter - Sem dúvida, a pandemia causou muito impacto e foi um grande desafio. Assumi o Sistema Fiep em outubro de 2019, em seguida vieram períodos de férias e, quando achei que iria começar de fato a gestão, veio a pandemia. Inicialmente, tive que tomar uma decisão que nunca imaginei em minha vida. Apesar de ser uma questão mundial, sanitária, tive que mandar fechar todos os Colégios Sesi, todas as escolas do Senai. E não só isso: havia uma preocupação também sobre o que seria da indústria com aquelas restrições, uma insegurança absoluta. Foi um período muito difícil para mim enquanto presidente, mas conseguimos ser relevantes para a indústria. Uma das nossas ações foi articular, junto à Secretaria de Estado da Saúde, para preservar certas atividades industriais no Paraná, colocando-as como essenciais. Além disso, pela primeira vez em sua história a Fiep realizou a compra de insumos para ceder à indústria. Quando estourou a pandemia, tivemos que usar máscaras, que não eram produzidas no país. Nossas indústrias do vestuário até tentaram adquirir o TNT (tecido não tecido) para começar a produzir máscaras, mas só existem duas fábricas desse material no Brasil, e elas só vendem em grandes quantidades. Uma delas é a Berry (com sede em São José dos Pinhais), então a Fiep foi até a empresa e comprou um lote grande de TNT. Essa matéria-prima foi destinada a várias indústrias do vestuário, por meio dos sindicatos do setor filiados à Fiep, com o compromisso de que elas devolvessem esse dinheiro. E foi devolvido centavo a centavo, em uma ação crucial para nós durante a pandemia, garantindo a manutenção de muitos postos de trabalho nesse que é um dos setores que mais emprega na indústria do Paraná.

3. Quais foram os principais avanços da sua gestão?

Carlos Valter - Desde o início, buscamos fazer com que os serviços e ações do Sistema Fiep tivessem foco total na indústria, atendendo as suas necessidades e gerando valor a elas. Mesmo com a pandemia, tivemos bons números no setor industrial paranaense nesses anos. Por isso, precisávamos que principalmente o Sesi e o Senai prestassem cada vez mais e melhores serviços, mas no foco da indústria. Para isso, após superado o período mais restritivo da pandemia, construímos, junto com nossos gerentes executivos, um novo modelo de gestão, baseado em um modelo colaborativo e com a meta de melhorar o resultado operacional do Sistema Fiep. Ele também estava ancorado em um tripé estratégico que contempla a valorização de pessoas, atualização do portfólio de serviços e revitalização de nossas estruturas. Chego ao final da gestão com a certeza de que esse modelo foi muito bem-sucedido e ajudou o Sistema Fiep a alcançar todas as metas traçadas. Nos dois últimos anos, por exemplo, investimos R$ 350 milhões para melhorar nossa estrutura, quadro técnico e serviços, sempre dentro do que a indústria precisa. Tudo isso faz com que o Sistema Fiep hoje seja uma entidade sustentável e preparada para seguir sendo relevante para a indústria paranaense daqui para frente.

4. Como avalia o trabalho conjunto com as sete entidades do setor produtivo junto ao G7 e do Sistema S no Paraná?

Carlos Valter - Essa união das entidades do setor produtivo do Paraná é um exemplo para o país e tem se mostrado essencial para o desenvolvimento do nosso Estado por dois motivos principais. Primeiro, pela parceria das entidades dentro do G7, defendendo posições conjuntas em temas que afetam todos os segmentos econômicos. Isso fortalece as nossas demandas junto às diferentes esferas do poder público, como foi, por exemplo, no caso da elaboração do novo modelo de pedágios do Paraná. A atuação firme e unida do G7 foi fundamental para colocar o interesse dos usuários das rodovias no centro das discussões. O trabalho integrado entre as entidades do Sistema S, com uma constante troca de experiências, também é importante para melhorar nossas gestões e nossos processos, impactando positivamente nos serviços que prestamos para os nossos respectivos setores. Ao longo da minha gestão, foi um privilégio poder ter convivido e atuado lado a lado com as lideranças de todas essas entidades.

5. Qual sua opinião sobre a importância do cooperativismo, especialmente, agroindustrial no desenvolvimento das pessoas e das comunidades?

Carlos Valter - O cooperativismo é um orgulho do Paraná. Por seu modelo de organização e, principalmente, pelos resultados que tem alcançado, é um dos principais pilares da nossa economia. E é muito satisfatório perceber que, cada vez mais, as cooperativas paranaenses estão investindo em industrialização, agregando valor à produção agrícola. Alguns dos principais investimentos industriais do Paraná nos últimos anos são fruto justamente desse processo pelo qual passam as cooperativas, como a instalação do maior frigorífico de suínos da América Latina, em Assis Chateaubriand, e a maior maltaria do Brasil, em Ponta Grossa. Quando grandes projetos industriais como esses saem do papel, movimentam toda uma cadeia de fornecedores e prestadores de serviços, gerando ainda mais empregos, renda e riquezas para as regiões onde se instalam e para todo o Estado.

6. O que o levou a não disputar um segundo mandato?

Carlos Valter - Foi uma decisão que tomei da maneira mais serena possível. Seguro de que cumpri minha missão no Sistema Fiep não somente nesses quatro anos de presidência, mas nos mais de 30 anos em que participei da diretoria, e de que a alternância de lideranças em uma entidade como a nossa é importante, decidi não concorrer à reeleição. Fizemos uma transição tranquila e desejo sucesso à nova diretoria, já que sempre reconheci o valor do Senai, do Sesi, do IEL e da Fiep para a indústria e sei o quanto é importante que essas instituições sejam bem geridas.

7. Quais são seus planos agora?

Carlos Valter - Volto a me dedicar à minha empresa, em Maringá, além de seguir colaborando no que for possível em entidades e projetos que defendam o desenvolvimento da indústria e da sociedade. No final de outubro, assumo como um dos vice-presidentes da nova diretoria da Confederação Nacional da Indústria e segurei à disposição da indústria do Paraná para levar suas demandas que dependam de apoio e articulação da CNI. Além disso, pretendo dedicar mais tempo à família, viagens e pescarias, que são algumas das coisas que me dão mais satisfação.

FOTO: Assessorias Sistema Fiep e  Sistema Ocepar

Conteúdos Relacionados