Setor de carnes deixa de abater 50 mil animais

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Pelo menos 50 mil bois deixaram de ser abatidos por frigoríficos paranaenses desde o início da crise deflagrada pela descoberta de focos de febre aftosa no Mato Grosso do Sul, em 10 de outubro. O impacto econômico dessa notícia aumentou 11 dias depois, quando o governo do Paraná anunciou a existência de 19 animais suspeitos de ter a doença, em quatro municípios do estado. A drástica queda no volume de abates é resultado dos embargos à carne paranaense decretados por quase 50 países e pelas barreiras impostas por outros estados. Ao reduzir a demanda pela carne produzida no Paraná, a crise da aftosa também derrubou o preço pago ao produtor que, por sua vez, optou por segurar a venda de seus animais, à espera de uma reação do mercado. A combinação de pouca oferta de gado e demanda em baixa não poderia ter outro resultado que não a redução do movimento nos frigoríficos.

Preço - “Essa retração da oferta foi uma atitude sensata dos pecuaristas. Forçar a venda para evitar mais prejuízos derrubaria os preços de vez”, avalia Gustavo Fanaya, economista do Sindicato da Indústria de Carnes e Derivados no Estado do Paraná (Sindicarnes). Na última terça-feira, a arroba do boi paranaense vendida pelo produtor com pagamento em 30 dias estava cotada a R$ 50. O valor é 10,7% menor que os R$ 56 pagos pelos frigoríficos antes do aparecimento dos casos de aftosa em Mato Grosso do Sul. O mais preocupante, é que esse preço não cobre o custo de produção, estimado nos mesmos R$ 50 por arroba. Um cálculo simples mostra que, se em 20 dias cerca de 50 mil animais que iriam para o abate ficaram no pasto, em um mês esse número tende a subir para 75 mil – o que representaria uma queda de 37,5% no número de cabeças de gado abatidas todos os meses no Paraná, estimado em 200 mil pelo Sindicarnes.

Corte - O Frigorífico Garantia, de Maringá, deve cortar cerca de 500 postos de trabalho caso seja confirmada a presença da febre aftosa no Paraná. A empresa tem hoje 1.150 funcionários e abatia cerca de 1 mil bois por dia até ter as atividades suspensas na semana passada. Segundo o diretor do frigorífico, Valdir Torelli, o consumidor brasileiro compra cortes de carne mais fáceis de serem feitos e que exigem menos mão-de-obra. Mesmo que o abate volte a ser de 1 mil cabeças por dia, a empresa precisaria enxugar quase pela metade a folha de pagamento. Se a aftosa for descartada, o abate para exportação será retomado imediatamente. (Gazeta do Povo)

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