SERINGUEIRAS: Cocamar vai incentivar o cultivo de seringueira em sua região

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A Cocamar vai entrar "forte" no programa do governo estadual que visa disseminar o cultivo da seringueira como opção econômica na região Noroeste do Paraná. A afirmação foi feita pelo presidente da cooperativa, Luiz Lourenço, ao discursar durante o lançamento do programa na sexta-feira (28/11), pela manhã, na Associação Cocamar em Maringá.  Diante de três secretários de Estado (Valter Bianchini, da Agricultura e do Abastecimento, Rasca Rodrigues, do Meio Ambiente e Recursos Hídricos, e Ênio Verri, do Planejamento), de várias autoridades e lideranças do agronegócio, e de cerca de 300 produtores de toda a região, Lourenço disse que a Cocamar vê a heveicultura como um negócio interessante para os produtores. "O Instituto Agronômico do Paraná nos oferece todo o respaldo técnico, a região é propícia a essa cultura e quem já está na atividade demonstra satisfação", comentou o presidente. Também presente no lançamento, o superintendente do Sistema Ocepar, José Roberto Ricken, reiterou a posição da Cocamar e disse que o plantio da seringueira é economicamente viável e socialmente desejável, uma vez que a Ocepar também está discutindo a questão ambiental e a sustentabilidade nos projetos das cooperativas. Estavam presentes ainda o prefeito de Maringá, o gerente regional de Desenvolvimento Sustentável do Banco do Brasil, Nei Augusto Vieira, e o promotor do Meio Ambiente, Robertson Azevedo.

Reserva legal - Lourenço deixou claro que esse cultivo se torna ainda mais atraente porque, segundo vem sendo anunciado pelas autoridades ambientais do Estado, o mesmo será aceito de forma integrada em áreas de reserva legal, possibilitando renda e, ao mesmo tempo, que sejam atendidas exigências ambientais. "Nós precisamos de uma garantia nesse sentido", frisou o dirigente, lembrando que programas de governos anteriores, como o aproveitamento de várzeas, "acabaram deixando os produtores na mão". Uma das metas do programa é que a região Noroeste do Paraná, que já conta com 800 hectares cultivados com seringais, deve ganhar 10 mil hectares nos próximos dez anos. Para isso, serão disponibilizadas linhas de crédito do Pronaf Eco e Propflora, cujas taxas de juros são compatíveis com a atividade.

Modelo em desenvolvimento econômico sustentável - O programa Seringueira do Paraná, lançado na sexta-feira vai proporcionar aos agricultores a possibilidade de compatibilizar a geração de renda na propriedade rural com a recomposição da área de reserva legal, conforme prevê a legislação ambiental. O programa vai contar inicialmente com linha de crédito no valor de R$ 40 milhões. O programa irá ajudar a recuperar as áreas degradadas das regiões Norte e Noroeste do Estado e pretende ser referência para todo o País, em desenvolvimento rural sustentável.

Convênios - Durante o evento foram assinados convênios. Um deles, no valor de R$ 225 mil, firmado entre a Secretaria da Agricultura e do Abastecimento (Seab) com a prefeitura de Maringá vai permitir a recuperação dos pavilhões do Parque de Exposições Agropecuárias de Maringá, que foram danificados por intempéries. Outro convênio foi firmado entre a Seab e o Banco do Brasil, para as operações de crédito do Pronaf Eco - Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar e Programa de Plantio Comercial e Recuperação de Florestas (Propflora) para incentivar o plantio da seringueira na pequena propriedade da agricultura familiar e também os plantios industriais.

Pesquisa - Para o secretário Valter Bianchini, o programa Seringueiras do Paraná surgiu de pesquisas e experiências realizadas por mais de 20 anos pelo Instituto Agronômico do Paraná (Iapar) e do Instituto Emater de Extensão Rural nas regiões Norte e Noroeste do Estado. O seringal pode ser plantado sozinho ou consorciado com outras plantas como o café, para aumentar a rentabilidade. O programa vai aumentar a geração de renda e de empregos na propriedade, promovendo a inclusão no meio rural e o desenvolvimento sustentável. O agricultor também contará com a possibilidade de utilizar o plantio da seringueira para averbação de área de reserva legal, conforme prevê a legislação ambiental. O secretário lembrou que este é um passo importante das secretarias da Agricultura e do Meio Ambiente para construir uma agricultura sustentável no Paraná. "O próximo será o lançamento de um programa conjunto de cultivo de água", anunciou. Agora a Secretaria da Agricultura, por meio da Emater, vai garantir o treinamento técnico e encaminhar os projetos de fomento ao banco para obter os financiamentos, cujas taxas de juros serão as mais baixas do mercado.

Ambiente - Segundo o secretário Rasca Rodrigues, apesar de a seringueira ser uma espécie natural da Amazônia e exótica no Paraná, não há impeditivo ambiental ao seu plantio. A planta permite que o agricultor possa diversificar a produção e ao mesmo tempo produzir em área de reserva leal. "Quem plantar agora irá colher, porque a área de reserva legal tem que ser averbada agora", disse o secretário. Para Rodrigues, o programa Seringueiras do Paraná abre espaços para projetos semelhantes em outras regiões do Estado, numa demonstração que é possível explorar a floresta. "Isso mostra que o meio ambiente pode responder com rentabilidade ao agricultor", destacou.

Rentabilidade - O produtor Ângelo Romeiro, pioneiro no plantio da seringueira em Indianópolis, região Noroeste do Paraná, está satisfeito com os rendimentos de sua propriedade. Com área total de quatro alqueires, Romeiro começou a plantar seringueira em 1990 numa área de 2,25 alqueires. Ele disse que estava desanimado com o plantio do café, prejudicado pelas doenças do solo. A atividade vinha decaindo em sua propriedade de solo arenoso. Romeiro decidiu plantar serigueira e, hoje, obtém renda de R$ 1 mil mensais por alqueire. "A renda é maior do que poderia conseguir com qualquer outra atividade agrícola na minha região", comparou.

Comercialização - O período entre o plantio e o início da produção é de cerca de seis anos. Segundo Romeiro, a espera compensa. Ele diz não ter problema de comercialização, porque toda a produção é vendida. Atualmente ele entrega o látex para uma empresa paulista que vem buscar a produção. A produção de borracha no Brasil é inferior ao consumo e o País importa o produto principalmente dos países asiáticos. Além disso, tem pouco gasto com o custo de manutenção do seringal que segundo o produtor é mínimo. Romeiro disse que a seringueira não é muito exigente em adubos. O custo do investimento para implantar o cultivo da seringueira está avaliado entre R$ 4 a R$ 12 mil o alqueire, que pode ser financiado com prazo de carência conforme a atividade. (Com informações imprensa Cocamar e AEN)

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