Sem resposta do Governo, cadeia do trigo convoca nova reunião

Representantes da cadeia produtiva do trigo reúnem-se nesta quinta-feira (23/10), às 14 horas, na sede da Ocepar, em Curitiba, para discutir o problema da comercialização do produto e as medidas que devem se tomadas diante da falta de um posicionamento do governo federal sobre o assunto. O setor produtivo, que na última sexta-feira (17/10) discutiu com a indústria e técnicos do Ministério da Agricultura e da Fazenda alternativas para a crise na comercialização, aguardava o anúncio de medidas para normalizar o mercado até está quarta-feira (22/10), o que não ocorreu. A produção nacional de trigo este ano deve chegar 5,1 milhões de toneladas - metade do consumo interno -, mas os produtores não conseguem vender o produto, já o mercado está parado há mais de três semanas. O problema, é que os moinhos estão preferindo o trigo argentino, que chega ao Brasil como "pré-mistura" - com a adição de 0,3% de sal na farinha - e sofre taxação de apenas 5%, quando o imposto para entrar no País deveria ser de 15%.

Osmar Dias - Nesta quarta-feira (22/10), o senador Osmar Dias fez um pronunciamento no Senado Federal alertando o governo e o País sobre os prejuízos que o problema da comercialização está causando para os produtores e para a agricultura brasileira. O senador lembrou do acordo feito pelos integrantes da cadeia produtiva, como forma de aumentar a produção nacional, destacando que o trato não está sendo cumprido por duas partes: governo e moinhos. Osmar Dias também condenou a falta de atitude do governo federal em relação ao que ele chama de fraude, que é a entrada do trigo argentino no Brasil classificado como pré-mistura. Em seu pronunciamento o senador também fez um apelo para que todas as partes, em especial o governo, cumpram o que foi acordada, sob pena de o Brasil amargar um prejuízo irreparável à produção nacional de trigo, tornando o País cada vez mais dependente do produto importado.

Hauly e Micheletto - Os deputados Hauly e Micheletto também ocuparam a tribuna da Câmara dos Deputados para alertar sobre os problemas da triticultura nacional e cobrar do governo medidas de apoio à comercialização. Em discurso na terça-feira, o deputado Moacir Micheletto, presidente da Frencoop, solicitou a convocação de uma audiência pública da Comissão de Agricultura da Câmara para discutir a questão com representantes da indústria e do governo. O parlamentar Luiz Carlos Hauly fez um histórico da situação lembrando que "os agricultores foram chamados a produzir e aumentaram a safra em 76% , em relação ao ano passado. Agora, não há preço". O deputado falou também da necessidade de se ampliar as linhas especiais de crédito (LEC) para a comercialização como instrumento que acelera o financiamento de estocagem, baseado no preço do produto ao invés do preço mínimo e aumento do volume recursos, por tomador, para o AGF - Aquisição do Governo Federal para o trigo produzido por pequenos produtores a preço de mercado e a caracterização da pré-mistura importada, criando regras para coibir a entrada de farinha "maquiada".