SANIDADE: Paraná é declarado área livre de aftosa com vacinação

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O reconhecimento do Paraná como área livre de febre aftosa pode abrir novos mercados para as cooperativas do Paraná que, por conta das suspeitas da doença no Estado, deixaram de exportar carnes bovina para o mercado europeu e reduziram significativamente as exportações de carne suína. A opinião é do superintendente do Sistema Ocepar, José Roberto Ricken, ao avaliar a decisão comunicada na segunda-feira (26/05), pela Comissão Técnica Científica da Organização Mundial de Saúde Animal (OIE) de que o Paraná voltou a ser reconhecido como área livre da doença com vacinação. "Isso representa oportunidades de negócios na área de carne. Temos grandes expectativas, principalmente em relação à carne suína. No último ano, as cooperativas do Estado exportaram US$ 324 milhões em carnes, sendo que, deste total, o maior volume foi para aves", disse.

Comunicado - A decisão da OIE foi comunicada ao Secretário Nacional de Defesa Agropecuária do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Inácio Kroetz, que está em Paris, sede da entidade. O reconhecimento internacional de área livre de febre aftosa põe fim a um período de 2,5 anos em que o Paraná foi penalizado com a suspensão das exportações de carnes bovina e suína. Os prejuízos são avaliados em US$ 300 milhões. "Foi uma lição dura para todos e não podemos incorrer na mesma situação. A sanidade deve ser prioridade absoluta", ressalta Ricken.

Momento é bom - Para o secretário da Agricultura e do Abastecimento, Valter Bianchini, a notícia chega num momento especial para a pecuária no Paraná, que está com o mercado interno aquecido. "Os prejuízos não foram maiores porque o volume de carnes bovina e suína que deixou de ser exportado foi absorvido pelo crescimento do mercado interno", disse. Recentemente, a Rússia um dos principais mercados do Brasil, habilitou quatro frigoríficos paranaenses para exportar carne bovina para aquele País. Além disso, o Paraná está exportando carnes para o Egito, Irã e outros países.

Certificação norteia compras - Bianchini lembrou que o reconhecimento da OIE é importante porque os principais mercados ainda norteiam suas compras pelas áreas certificadas pela instituição. "A recuperação do status de área livre de febre aftosa com vacinação abre portas para a retomada de exportações de carnes bovina e suína no mercado internacional, gera empregos e renda no campo e desenvolvimento em todo o Estado", declarou o secretário.

Recuperação - Quando o Paraná perdeu o status de área livre de febre aftosa com vacinação, em 2005, exportava 38.321 toneladas de carne bovina que rendia um faturamento da ordem de US$ 82 milhões por ano. No ano seguinte, as exportações despencaram para 12.510 toneladas com faturamento de US$ 21 milhões. Bianchini acredita que até o final deste ano, o Paraná poderá recuperar o volume e faturamento equivalente em 2005. "Mas, em função da genética do rebanho e qualidade da carne paranaense, acreditamos que poderemos superar as exportações de 2005 a partir do ano que vem", acredita.

SISBOV - O presidente do Sindicato da Indústria de Carnes e Derivados do Paraná, Péricles Salazar, destacou que o Paraná tem potencial e plantas industriais capazes de retomar rapidamente as exportações para o mundo. Mas para isso, alertou, os governos federal, estadual e a iniciativa privada terão que fazer um amplo trabalho de contatos comercias para reconquistar o mercado. O representante da Federação da Agricultura do Paraná (Faep), Ronei Volpi, disse que agora os pecuaristas se sentem estimulados a investir em rastreabilidade e cadastrar suas fazendas junto ao Sistema Brasileiro de Identificação e Certificação de Origem Bovina e Bubalina - SISBOV - para conseguir o credenciamento e exportar carne bovina para os países da Europa.

Estrutura - O Paraná já havia obtido o reconhecimento internacional da OIE em 2000. Mas perdeu essa condição em outubro de 2005, diante dos focos de febre aftosa ocorridos no vizinho Mato Grosso do Sul e da entrada de animais vindos daquele Estado ao Paraná. Por meio de provas sorológicas e do vínculo epidemiológico, sete propriedades paranaenses foram reconhecidas pela OIE como foco de febre aftosa.

Reconhecimento - Para o Estado, recuperar o status perdido junto à OIE e ao Ministério da Agricultura, foi necessário o sacrifício de 6.781 animais, abatidos durante o ano de 2006. Desde esse período, o estado vem se esforçando na área de sanidade animal para recuperar o reconhecimento internacional. Para Bianchini, a decisão OIE representa o reconhecimento da qualidade do serviço de sanidade agropecuária, em especial a sanidade animal, executado no Paraná. "O Paraná está demonstrando sua capacidade de gestão da sanidade, em consonância com a nova ordem mundial", afirmou.

Ampliação - Em 2007, a Secretaria da Agricultura e do Abastecimento (Seab) contratou, por meio de concurso público, 150 profissionais para a atuação em defesa agropecuária. Foram capacitados 80 médicos veterinários em emergência sanitária especificamente para a avicultura e está sendo estruturada uma parceria com o Ministério da Agricultura para estabelecer uma nova realidade para a defesa agropecuária no Estado. Da mesma forma, está sendo trabalhado junto com o setor privado para que a ação oficial na área de sanidade agropecuária seja fortalecida.

Produtor rural - Para o diretor do Departamento de Fiscalização e Defesa Agropecuária da Seab, Silmar Bürer, a recuperação do status de área livre ao Paraná junto a OIE deve ser atribuída ao trabalho na área de sanidade agropecuária realizado em todo o Estado pelas dezenas de médicos veterinários, auxiliares de campo e administrativos. "Precisamos enaltecer também o trabalho do produtor rural no cumprimento das normas e regulamentos sanitários e principalmente a vacinação de praticamente 100% dos seus rebanhos", observou.

Contribuição - Silmar Bürer destacou ainda a participação e o apoio das lideranças do setor agropecuário, dos sindicatos, cooperativas, associações que compõem o Conselho Estadual de Sanidade Agropecuária (Conesa) e sociedades rurais que se envolvem diretamente com as campanhas semestrais de vacinação do rebanho bovino e bubalino contra febre aftosa e também com trabalhos de educação sanitária junto ao produtor rural. (Com informações AEN)

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