SAFRA DE INVERNO I: O Ano do milho
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Os agricultores brasileiros decidiram entrar na onda do mercado internacional e ampliar a área do milho de inverno. A chamada “safrinha” tem área 25% maior que a de 2011 e pode render 30% mais (veja tabela nesta página). Capitaneada por Paraná, Mato Grosso e estados do Centro-Norte brasileiro, a segunda safra do cereal do ciclo 2011/12 atinge o maior terreno de todos os tempos: 6,9 milhões de hectares, conforme indicador elaborado pelo Núcleo de Agronegócio da Gazeta do Povo.
Produção - Se o clima ajudar, a colheita de inverno paranaense será 2,4 milhões de toneladas maior que a de verão e atingirá 8,6 milhões de toneladas. No ano agrícola 2011/12, o milho ultrapassa em 30% a soja, o principal produto da agricultura do estado, somando 14,72 milhões de toneladas. Em valor, a oleaginosa continuará rendendo mais. Em âmbito nacional, o milho fica a apenas 4 milhões de toneladas da safra de 68,9 milhões de toneladas de soja (5,86%).
Trigo - O trigo, no entanto, perde espaço no país por conta da inversão das apostas dos produtores paranaenses, que diminuíram pelo segundo ano consecutivo a área do cereal do pão, em protesto contra a falta de apoio do governo. A tendência é de queda de 6,5% na colheita.
Janela - A antecipação do cultivo de soja no verão ampliou a janela agroclimática para o plantio do milho de inverno. Os preços acima das médias históricas, prometendo compensar parte dos prejuízos da seca registrada no verão, explicam a ampliação do cultivo.
Cenário positivo - “Houve uma retração nos últimos dias, mas o cenário ainda é positivo e deve remunerar o produtor. Por outro lado, se a safra for boa em todas as regiões, os preços devem cair”, alerta Robson Mafioletti, assessor técnico-econômico da Organização das Cooperativas do Paraná (Ocepar).
Maior área da história - “Se não houver nenhum problema de produção e os norte-americanos confirmarem a maior área plantada da história, o Brasil terá de exportar no mínimo 10 milhões de toneladas de milho”, avalia Eugênio Stefanello, especialista da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) no Paraná.
Embarque - No primeiro trimestre deste ano, o Brasil embarcou pouco: 1,5 milhão de toneladas de milho. O quadro de maior oferta interna é bom para a cadeia de carnes, que tem os grãos como principal matéria-prima para a produção de ração animal.
Agricultor - Depois de contabilizar quebra de 50% na safra de verão e aumentar em 30% a área do milho safrinha, o agricultor Sidney Pinto de Mello, de Maringá, viu o cereal se desvalorizar em R$ 3 por saca nos últimos quinze dias em sua região. “Deixei de vender a R$ 23 por saca para entregar a R$ 20,80 [semana passada].” Ele espera 6,9 mil kg por hectare (115 sacas). “Bonito está, mas falta chuva.” A safra de inverno, que acaba de ser semeada, pode sofrer também com a ocorrência de geadas, como ocorreu no ano passado.
Produtores esperam chuva em todas as regiões de cultivo - Assim como no Sul do país, as regiões Centro-Oeste e Norte aguardam a chegada de boas chuvas para garantir a produtividade do milho safrinha. “Por enquanto, metade da área tem água suficiente para pagar os custos”, diz Eduardo Godoi, de Sapezal (Oeste de Mato Grosso).
Aumento de área - Para conseguir alcançar média de 5,4 mil quilos por hectare de produtividade, ele conta com uma chuva que geralmente cai sobre o Cerrado mato-grossense no final de abril ou começo de maio. Neste ano, Godoi aumentou para 2,2 mil hectares a área de milho de inverno, contra 1,9 mil plantados em 2011.
Incremento - Os números do estado, porém, mostram incremento “ao estilo Mato Grosso”. Com o segundo maior crescimento de área país – 40% em relação a 2010/11 –, a safrinha mato-grossense está ocupando 2,4 milhões de hectares neste inverno.
Centro-Norte - No Centro-Norte do Brasil, o quadro agroclimático é parecido, mas os rendimentos esperados são bem superiores. “O que está florescendo deve produzir 7 mil quilos por hectare. A safrinha vai fazer parte da nossa vida de agora em diante”, afirma Leivandro Fritzen, que dedica 850 hectares ao cereal no Piauí e aposta no milho de inverno pela primeira vez. (Caminhos do Campo / Gazeta do Povo)