Rodrigues é contra proposta da União Européia

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A oferta da União Européia para um acordo comercial com o Mercosul é insatisfatória e ameaça a seqüência das negociações, disse nesta segunda-feira (04-10) o ministro da Agricultura, Roberto Rodrigues. Empresários do setor agrícola concordaram com o ministro, mas também criticaram a proposta enviada anteriormente pelo Mercosul, que teria levado a um recuo no nível de ambição de ambos os lados. "A oferta deles é um retrocesso em relação ao que havia sido discutido em Bruxelas, e, portanto, tem pouca chance de avanço negocial", disse Rodrigues depois de se reunir com representantes do setor agrícola, em São Paulo, para discutir as propostas da UE para o Mercosul.

Reação - "Como estão colocadas agora, as ofertas feitas pela UE, acho que não há como aceitar e dar seqüência ao processo", disse o ministro, que nesta terça levará a posição da área agrícola para uma reunião mais ampla em Brasília. "A proposta da UE é ruim. Mas porque a proposta do Mercosul foi ruim", disse o presidente da Unica (União da Agroindústria Canavieira de São Paulo), Eduardo Pereira de Carvalho, que participou da reunião com o ministro. "Não há interesse em nenhum dos lados em fechar o acordo", acrescentou. Segundo Carvalho, cujo grupo financiou o bem-sucedido processo do Brasil na OMC (Organização Mundial do Comércio) contra o regime açucareiro da União Européia. Uma das mudanças feitas pela UE na proposta, em relação ao documento anterior, foi o de prorrogar o prazo de implantação das novas e maiores cotas para os produtos agrícolas do Mercosul.

ABEF - Cláudio Martins, diretor-executivo da Abef (Associação Brasileira dos Exportadores de Frangos), disse que a nova proposta da UE reduziu o tamanho das cotas para o frango de 245 mil toneladas para apenas 75 mil. Segundo ele, a UE também exige agora que o Brasil retire processo que move na OMC contra o bloco europeu no caso das tarifas sobre o frango salgado, o que o setor exportador brasileiro não está disposto a fazer.

Atraso - O possível acordo comercial UE-Mercosul inicialmente deveria ser fechado até o dia 31 de outubro, mas os participantes consideram cada vez mais difícil essa possibilidade. Após essa data, haverá troca dos atuais comissários agrícola e comercial da UE, o que atrasaria as conversas. O próximo comissário europeu para o Comércio, Peter Mandelson, que vai substituir Pascal Lamy ao final de outubro, afirmou nesta segunda-feira que esperava que o acordo fosse fechado na data prevista, mas indicou que poderia levar mais tempo.

Negociação - "Se não for fechado até lá, vou continuar as negociações, mas levará algum tempo para retornar aos trilhos, já que o Mercosul apresentou uma oferta inaceitável", afirmou Mandelson a jornalistas em Bruxelas."Não sei qual será a condição que os novos comissários terão para avançar", disse Rodrigues. "Uma relação mais aberta com a UE é essencial... Então, se não for possível fechar a negociação conforme estava estabelecido, não queremos que esta impossibilidade de datas seja entendida como impossibilidade de acordo futuro", concluiu o ministro.Várias reuniões estão agendadas para os próximos dias, incluindo um encontro ministerial entre UE e Mercosul no dia 20, que deverá definir se um acordo será ou não possível na data prevista. (Reuters)

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