Repercussões sobre a suspensão da lei anti-transgênicos do PR
- Artigos em destaque na home: Nenhum
Competência - O entendimento do ministro Gilmar Mendes, relator da ação, é de que dispor sobre comercialização, industrialização, importação e exportação destes produtos é competência privativa da União. "Tais matérias estão sujeitas à disciplina concorrente da União uma vez que se relacionam à produção e ao consumo, à proteção do meio ambiente e proteção e defesa da saúde", disse o ministro, citando o artigo 24 da Constituição Federal. "Não é admissível que, no uso da competência residual, o Paraná formule uma disciplina que acaba por afastar a aplicação de normas federais, de caráter geral."
Caráter liminar - O advogado Admar Gonzaga Neto, consultor jurídico do PFL e responsável pelo ajuizamento da ação, lembrou que a decisão tem caráter liminar ? e, portanto, transitório. Entretanto, ele disse que o governo do Paraná não pode recorrer da determinação do Supremo. Gonzaga Neto afirmou que o plenário ainda tem de decidir sobre o mérito da ação. O advogado adiantou, porém, que "nunca viu" um entendimento unânime do STF ser reconsiderado posteriormente. A proposta da ação partiu dos deputados paranaenses Abelardo Lupion e Eduardo Sciarra (ambos do PFL).
Testes irão continuar - O secretário estadual da Agricultura, vice-governador Orlando Pessuti, disse que a decisão, embora tire os efeitos da lei e dificulte a vedação do plantio de transgênicos, não vai modificar a posição do Paraná contrária aos organismos geneticamente modificados. Segundo o vice-governador, os testes de transgenia vão continuar a ser feitos, uma vez que o estado tem de separar os diferentes tipos de soja. Pessuti informou que o estado vai continuar a pedir autorização ao Ministério da Agricultura para se declarar "área livre de transgênicos", conforme prevê a Medida Provisória 131.
Ponto de vista - Ele disse não acreditar que o número de produtores que plantam grãos modificados crescerá significativamente no estado com a suspensão da legislação estadual. Até porque, segundo dados da Seab, cerca de 90% da soja da próxima safra já foi plantada no Paraná. O secretário encontrou até uma forma positiva de ver a decisão do STF: "De uma certa maneira, saímos vitoriosos. Temos mais de 100 mil produtores agrícolas e pouco mais de 200 assinaram o termo de compromisso. É um número muito pequeno; poderíamos ter milhares de termos assinados."
Nota Oficial - Na quarta-feira mesmo, uma nota oficial informou que o governador Roberto Requião mostrou indignação com a decisão do Supremo. Requião disse também que o embarque de soja transgênica continua proibido em Paranaguá: "Vamos cumprir a medida provisória do governo federal. Ela nos garante que o Porto não misture soja contaminada com a soja pura. Não temos shiploader (carregador de navio) para exportar transgênicos. Se eles dizem que a lei não vale, vale então a medida provisória. E ela garante que não haja essa mistura de soja transgênica com o produto puro". (Fonte: Assessoria do deputado Lupion)