Reforma agrária: Quanto mais assentamentos, mais candidatos

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O reconhecimento de que o MST é um movimento político e a impossibilidade de estancar a procura de terra estariam levando o governo a desistir de cadastrar os sem terra, afirma o jornalista Roldão Arruda, da Agência Estado, em matéria publicada em vários jornais brasileiros no domingo. “Governo desiste de cadastrar acampamentos”, afirma a manchete da reportagem. “O governo federal desistiu da idéia de acabar com os acampamentos de sem-terra espalhados pelo País. Parou de cadastrar acampados e, embora mantenha boas relações com o Movimento dos Sem-Terra (MST), abandona aos poucos a idéia de que seus grupos têm prioridade na fila de espera dos assentamentos”, afirma o jornalista em sua reportagem.

Onda sem fim – Quanto mais tem sucesso o programa de reforma agrária do governo, mais o MST arregimenta interessados em trabalhar no campo. O próprio presidente do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), Rolf Hackbart, agiram que erra quem acredita que o aumento do número de assentamentos leva à diminuição automática do número de pretendentes. ''É o contrário'', diz ele. ''À medida que se criam condições para as famílias viverem bem na zona rural, outras vão querer”. O governo tentou cadastrar os interessados para seu programa de reforma agrária, o que provocou o inchaço dos acampamentos e quando parou de contar, já eram 171 mil famílias acampadas quase 850 mil pessoas.

Não é tão simples - Hackbart, que assessorava o núcleo agrário do partido no Congresso, admite, um ano após assumir o cargo, que não imaginava que os processos andassem tão vagarosamente. ''Não é simples fazer a reforma'', diz. ''Não imaginava que a capacidade operacional do Estado fosse tão baixa. Mas não é só. A transferência de propriedades não pode ser a toque de caixa, atropelando a legislação. O Judiciário tem ajudado muito, mas existem os ritos legais, que devem ser observados, para que se mantenha a justiça, o direito, o Estado democrático”. Foram assentadas neste ano 33.309 famílias, de acordo com um levantamento do Incra. É um número maior do que as 24.991 assentadas no mesmo período do ano passado. Mas está longe da meta de 115 mil famílias previstas para este ano no Plano Nacional de Reforma Agrária. O governo Lula pretende assentar 400 mil famílias.

Paternalismo – Os resultados dos assentamentos também não são os melhores e estima-se que parte dos 5 mil assentamentos enfrenta problemas com a falta de infra-estrutura e de assistência. Por outro lado, viceja entre grupos de assentados a idéia de que como são pobres cabe exclusivamente ao governo a tarefa de resolver seus problemas. (Fonte: Folha de Londrina).

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