Protocolo de Cartagena será debatido em Curitiba

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A terceira e mais importante reunião do Protocolo de Cartagena, que tenta estabelecer regras para o comércio mundial de produtos vivos geneticamente modificados, será realizado no mês de março de 2006, em Curitiba. O receio é que um inevitável vexame só sirva para dificultar ainda mais o entendimento entre os 127 países signatários do Protocolo, cujo objetivo é ambiental e pretende contribuir para a garantia de um nível adequado de proteção na esfera da transferência, da manipulação e do uso seguro de organismos vivos modificados (OVMs), resultantes da biotecnologia moderna.

Custos elevados - Organizado pelo Conselho de Informações de Biotecnologia (CIB), um workshop para debater o assunto foi realizado no último dia 11 em Curitiba, com a participação de jornalistas e representantes de vários setores envolvidos, entre os quais o Ministério da Agricultura e do Abastecimento (Mapa). O coordenador de Biossegurança do Mapa, Marcus Vinícius Segurado Coelho, conta que há pontos “espinhosos” para o estabelecimento de um acordo que satisfaça aos interesses de todos os países, lembrando que Estados Unidos, Argentina, Canadá e Austrália ainda não assinaram o protocolo, mas costumam enviar representantes a todas as reuniões, a exemplo da China. Um desses pontos é o elevado custo para se fazer a segregação entre os produtos transgênicos e não transgênicos. Uma simples amostra não sai por menos de US$ 500. “Quem deve pagar esses custos?”, indaga a pesquisadora Alda Lerayer, secretária-executiva do CIB, lembrando que os países ainda não entraram em acordo sobre a caracterização da carga, cujo documento conteria a expressão “pode conter OVMs” ou simplesmente “contém OVMs”. Essa questão envolve grandes discussões e um intrincado processo de entendimento. De qualquer forma, o grande interessado no protocolo é o Brasil que, sem a companhia de EUA e Argentina – os outros grandes produtores mundiais de soja – tenta se virar sozinho e fazer valer seus interesses, o que não é tarefa fácil.

Riscos - O Brasil responde por 26,9% da soja do planeta e seus maiores clientes, Europa e China, são favoráveis a uma caracterização pura e simples: “contém OVMs”. O problema é que isto contraria os interesses brasileiros, pois sua adoção significará menor competitividade do País no concorrido mercado internacional, sob o ponto de vista da logística. “O ideal seria que o mercado adotasse a segmentação entre soja convencional, transgênica e orgânica”, defende o coordenador de Biossegurança do Mapa, Marcus Vinícius Coelho. De qualquer forma, a certeza é que as regras do protocolo – com previsão para entrar em vigor em 2007 - ainda vão dar muito pano pra manga. Mesmo porque os grandes concorrentes brasileiros no mercado da soja, Estados Unidos e Argentina, a tudo assistem de camarote e, com certeza, poderão interferir se, na última hora, perceberem que as nações signatárias estiverem avançando contrariamente aos seus interesses. (Com informações da Cocamar).

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