Pronunciamento no senado: Liberação de cultivo de soja transgênica no país
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Por Senador Jonas Pinheiro
"Quero, desta
Tribuna, fazer um comentário sobre a decisão da Exma. Sra. Juíza
do Tribunal Regional Federal da Primeira Região, Dra. Selene Maria de
Almeida, de suspender a sentença da Sexta Vara da Justiça Federal
do Distrito Federal, que havia limitado o uso de organismos geneticamente modificados
no País. Com essa decisão, a Juíza Dra. Selene libera,
por conseguinte, o plantio e a comercialização da soja transgênica
em todo o Brasil.
Essa decisão, Senhor Presidente, com poder jurídico semelhante
ao de uma liminar, terá validade até o julgamento do mérito
da ação do TRF, o que deverá ocorrer em breve.
Para firmar sua decisão, a Dra. Selene Maria de Almeida considerou que,
se órgãos internacionais como a FAO (Fundo das Nações
Unidas para a Agricultura) e a OMS (Organização Mundial de Saúde),
ambas pertencentes à ONU (Organização das Nações
Unidas), bem como outras entidades tão idôneas quanto essas, fizeram
pesquisas científicas e atestaram a sanidade da soja Roundup, que foi
produzida pela multinacional Monsanto para consumo humano e animal, que ela
não é lesiva ao homem nem ao meio ambiente, essas pesquisas devem
ser levadas em conta, porque essas instituições têm autoridade
bastante para que o resultado de seu trabalho seja acatado em favor dos produtores
e dos eventuais consumidores desses produtos.
Com a decisão da Juíza, a CTNBio (Comissão Técnica
Nacional de Biosegurança) volta a ter como sua competência o poder
de autorizar o plantio de sementes geneticamente modificadas.
Senhor Presidente, quero aqui registrar meus cumprimentos à Sra. Juíza
Dra. Selene Maria de Almeida, pela decisão que ela, em boa hora, tomou,
uma vez que, nos dias de hoje, segundo estimativas preliminares, cerca de trinta
por cento da soja cultivada no país já o está sendo com
sementes geneticamente modificadas, em detrimento da lei proibitiva. Esse fato,
inclusive, levou o próprio Governo Federal a editar uma Medida Provisória
para liberar, temporariamente, a comercialização desse produto.
Senhor Presidente, na semana passada, tive a honra de receber em meu Gabinete
a visita do Senador Francês Jean Bizet, Presidente da Comissão
de Biosegurança do Senado Federal daquele país europeu, o qual
me assegurou que, até o final deste ano, a União Européia
liberará a moratória que proíbe o consumo de soja transgênica
e que continuará, somente com a exigência de que os produtos de
consumo que contenham mais de 0,9% de transgênicos em sua composição
sejam devidamente rotulados.
Mesmo assim, creio que seja preciso, antes que se adotem os produtos geneticamente
modificados, que se implementem no Brasil testes que garantam a segurança
necessária para resguardar a saúde da população
e o meio ambiente. Como no caso da soja Roundup, esses testes já foram
realizados em outros países onde já se adotaram as precauções
necessárias, tendo sido ela já então já reconhecida,
atestada e adotada para uso. Nesse caso, a decisão da Sra. Juíza
Selene de Almeida ajuda que se dê mais um passo avante no caminho da biotecnologia
no Brasil, a exemplo do que já ocorre em países concorrentes do
Brasil em produtos agrícolas.
Agora urge que o Governo Federal remeta ao Congresso Nacional, um Projeto de
Lei que regulamente o plantio e a comercialização de produtos
geneticamente modificados em nosso país, e isso já está
sendo providenciado para os próximos dias.
Desse modo, o Congresso Nacional aprofundará a discussão sobre
o tema e consolidará os instrumentos legais que assegurem, evidentemente,
os princípios básicos de defesa da saúde humana e do meio
ambiente.
Muito obrigado."