Professor Bialoskorski fala sobre formas de organização cooperativa

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O professor Sigismundo Bialoskorski Neto, que na última quarta-feira (03/03) esteve na Ocepar reunido com alunos do MBA de Cooperativismo, concedeu uma entrevista ao Paraná Cooperativo relando questões importantes e que marcaram seu contato com o sistema cooperativo dos Estados Unidos. Disse, que em sua experiência com os americanos assinalou uma série de coisas interessantes, das quais ele destacaria duas como sendo as mais importantes. A primeira, segundo o professor, é que nos Estados Unidos têm uma legislação flexível, onde eles definem a cooperativa como uma organização cujo membro é dono, usuário e os benefícios são gerados para os membros. "Assim, de certa forma, você pode fazer qualquer tipo de organização que obedeça a esses princípios básicos, que será considerada uma cooperativa", explica Bialoskorski. No sistema americano encontram-se diversas formas organizacionais. Existem cooperativas próximas ao que o Brasil entende por cooperativas, as chamadas tradicionais, mas também tem uma nova geração de cooperativas, com relações contratuais definidas e também tem cooperativas que têm investidores como membros. Segundo o professor, lá as cooperativas têm um sócio usuário e um sócio investidor e, inclusive, cooperados que moram em outros países. Essa política mostra que é possível se encontrar formas diferentes de organizações cooperativas, por causa da flexibilidade de legislação.

Cultura - Por outro lado, e esse seria o segundo ponto interessante, é que nos Estados Unidos eles têm uma cultura organizacional bastante definida e diferente da nossa cultura no Brasil. "Estou convencido de que não são todas as estratégias que para eles são lógicas e quase que automáticas, que são apropriadas para nós. Nosso relacionamento entre o associado e a cooperativa acaba sendo mais intenso", disse o professor. Aqui, conforme seu entendimento, a cooperativa acaba tendo uma característica mais coletiva de forma mais intensa. "Nós temos contratos relacionais também de forma mais intensa. E isso faz com que nosso cooperativismo seja em si diferente, não só na função dos dirigentes, na relação com os cooperados, e na lógica organizacional."

Liberdade de organização - Na avaliação de Bialoskorski, uma legislação flexível é positiva porque dá a liberdade para a sociedade se organizar de alguma forma diferente e que o nosso tipo de noção de direito. Para o professor, isso é uma característica cultural não só nossa, mas dos países latino-americanos, e mais do que isso, do Bloco Latino, como todo o Sul da Europa, que têm no cooperativismo a mesma característica que nós temos aqui. "Então, é difícil dizer para você se é uma coisa ruim ou uma coisa boa. Dentro das nossas características culturais, acaba sendo algo adaptado. Agora, uma flexibilidade a mais na legislação sem dúvida nenhuma seria interessante. E um avanço na legislação no sentido de fazer com que as nossas cooperativas tivessem alternativas de capitalização diferentes, seria sem dúvida nenhuma muito importante." Bialoskorski é professor do Departamento de Economia da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade da Universidade de São Paulo (USP).

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