Produtores de algodão criticam governo por não retaliar os EUA
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Os produtores rurais brasileiros pressionam o governo Lula a retaliar os Estados Unidos devido à concessão de subsídios considerados ilegais pela Organização Mundial de Comércio (OMC) ao algodão. Em nota divulgada pela Confederação Nacional da Agricultura e Pecuária (CNA), os cotonicultores condenam a decisão brasileira de buscar uma solução negociada com o governo norte-americano em vez de aplicar as retaliações. No ano passado, a OMC julgou ilegais os programas de subsídios dos EUA aos produtores locais por incentivarem a formação de excedentes e reduzirem artificialmente o preço do algodão no mercado mundial. Para compensar as perdas provocadas a agricultores brasileiros, a organização deu um prazo que os EUA retirassem os subsídios sendo que, depois desse prazo, que já venceu, poderiam haver retaliações. O ministro do Desenvolvimento, Luiz Fernando Furlan, está em Washington na busca de uma solução negociada com o governo americano. A estratégia é conseguir uma "compensação razoável", que implique em facilitar a entrada de produtos de interesse do Brasil no mercado americano. Perda de credibilidade.
Perda de credibilidade - O chefe do Departamento de Negociações Internacionais e de Comércio Internacional da CNA, Antônio Donizeti Beraldo, avalia que negociar alternativas precoces para resolver o impasse com os norte-americanos desvaloriza todo o processo de defesa que o País promoveu frente à OMC. "Fazer este tipo de negociação leva à perda de credibilidade. Compensações cruzadas não são recomendáveis", diz Beraldo. Na avaliação do diretor-executivo da Associação Brasileira de Produtores de Algodão, Hélio Tollini, o governo brasileiro está adotando uma decisão equivocada. "Dizer que estamos dispostos a negociar compensações é informar aos EUA e aos países africanos produtores de algodão, que tanto admiram o Brasil pela vitória na OMC, e ao mundo algodoeiro que nada do que o Brasil fez até agora era para valer. O prejuízo não será apenas dos produtores de algodão. Todo o processo de desenvolvimento da agricultura brasileira será negativamente afetado", afirmou o dirigente da Abrapa. "Negociação nessa área atende aos interesses dos Estados Unidos, preocupados com as recomendações da OMC e interessados em se livrarem da incômoda ameaça de retaliação pelo Brasil". Além disso, acrescenta o dirigente da Abrapa, sinaliza ao mercado internacional que o interesse do Brasil era "apenas conseguir migalhas de favores comerciais dos EUA para setores que querem exportar um pouco mais". (FolhaPress).