Primeiros casos de ferrugem asiática são diagnosticados no Mato Grosso
O período chuvoso em Mato Grosso ainda não começou, mas dois casos da doença fúngica, Ferrugem Asiática - que compromete a produtividade das plantas - foram diagnosticados em duas áreas de testes, as chamadas sentinelas. Uma em Lucas do Rio Verde (360 quilômetros do Médio-Norte de Cuiabá) e a outra em Ipiranga do Norte (90 quilômetros de Lucas do Rio Verde). A área de Lucas, confirmada na última sexta-feira, já foi incinerada. Segundo o diretor de pesquisas da Fundação Rio Verde, Clayton Giani, há suspeitas de outros focos, mas em lavouras comerciais, que ainda não tiveram confirmação laboratorial, em Primavera do Leste (239 quilômetros ao Sul de Cuiabá) e em Sorriso (460 quilômetros ao Norte de Cuiabá). "São suspeitas em lavouras de pivot. É necessário uma diagnose laboratorial para confirmar, pois são plantas ainda novas neste momento", explica Giani. As áreas de sentinela, de cerca de 100 metros quadrados, não trazem prejuízos, mas revelam que o fungo está presente e tão logo as chuvas se intensifiquem e as plantas floresçam serão perceptíveis nas lavouras. "As áreas de sentinela são cultivadas muito antes do período de plantio em massa no Estado, justamente para que, sendo mais velhas, revelem o potencial de incidência da Doença. É mais um instrumento de monitoramento preventivo contra a Ferrugem", destaca Giani.
Focos - O diretor informa que no ano passado os primeiros focos foram identificados em Lucas e Sapezal, em 15 de outubro. "Mais cedo que neste ano, mas ainda, temos chuvas esparsas, e a medida que forem se intensificando, assim como o desenvolvimento das plantas, o monitoramento nas lavouras deve ser diário e com a confirmação do surgimento da Ferrugem, é necessária a máxima urgência na aplicação de fungicida", orienta Giani. Segundo ele, a época de explosão é no final de janeiro. Neste período de soja recém cultivada, Giani explica que a tolerância a Doença é forte na planta, mas conforme ela vai florescendo, vai destinando suas reservas ao preenchimento do grão e portanto mais sensível ao ataque, ficando a lesão, perceptível e acelerada.
Plantio lento - Apesar do diagnóstico ser considerado um pouco cedo nesta safra, visto que o plantio está sendo feito de maneira mais lenta e em algumas regiões tardio - pela falta de estabilidade das precipitações - preocupa, "pois uma vez existente na lavoura, só resta, o quanto antes, aplicar fungicida", mas segundo Giani, a constatação da doença nas lavouras indica que o sojicultor está levando a sério o combate. "Há o lado bom, pois mostra que o monitoramento está sendo realizado e que o produtor entendeu que não dá para brincar e ficar esperando a Ferrugem se alastrar, para depois tentar combater", aponta. No ano passado, quando a incidência da Ferrugem foi acentuada e atingiu todas as regiões produtoras de Mato Grosso, "os prejuízos foram mais em função das chuvas do que da doença. Desde a safra passada os sojicultores já estavam capacitados para o manejo da doença, e no atual ciclo eles estão preparados com fungicidas", destaca Giani. Cerca de 10% da produção da safra 03/04, ou algo em torno de 1,6 milhão de toneladas foram perdidas pela dobradinha Ferrugem e chuvas.Giani frisa que o combate à Doença não segue "nenhuma receita de bolo, e sim, acompanhamento caso a caso, para minimizar os efeitos dela", alerta.